Lançamento do livro “Por histórias incríveis”
“A leitura do mundo precede a leitura da palavra”, afirmou Paulo Freire na obra intitulada “A Importância do Ato de Ler” (1988). Em 2022, nas aulas de três turmas de segunda série do ensino médio, a doutoranda da Uesb, Marina Martins Pinchemel Amorim observou a falta do hábito de leitura nas turmas que leciona. Por isso, provocou seus alunos a lerem diversas obras, principalmente literárias, e escreverem resenhas a partir das obras lidas. O trabalho realizado durante a sua pesquisa de doutorado resultou no livro “Por histórias incríveis”.
Com a iniciativa de incentivar os alunos do Colégio Estadual Edvaldo Flores, em Maetinga, a lerem, Marina criou o projeto “Quem lê viaja”. Os alunos tinham que ir até a biblioteca da escola e escolher um livro para eles lerem. “Eu fiz esse trabalho de auxiliá-los na biblioteca. Nós fomos todos juntos lá e eles escolheram e me perguntaram sobre o que que era o livro, a gente pesquisava, cada aluno escolheu um livro. A partir disso, eles fizeram a leitura e apresentaram esse livro para a sala, para os colegas”, contou.
A escrita das resenhas iniciou depois da finalização do projeto. A professora apresentou para os alunos que as resenhas que eles escreveriam se tornariam um livro. “Porque fazer um livro? Porque os textos produzidos em sala de aula não devem ficar só restritos ao professor e ao aluno. Toda a produção textual tem um propósito social e uma prática social. Então, esse texto precisa atravessar as paredes da escola, as paredes da sala de aula”, descreveu.
O livro foi escrito a partir de um conjunto de textos de alunos do Ensino Médio
A pesquisa da professora, durante o doutorado do Programa de Pós-Graduação em Linguística, é centrada na retextualização, que é um processo de produção textual a partir de um ou mais textos-base. A tese teve como objetivo investigar o tipo de retextualização escrita-escrita e no meio digital, a partir da análise desse processo realizado por duplas de estudantes do Ensino Médio. “Para isso, eu parti pra sala de aula para coletar dados para analisar como ocorre a retextualização de diversos textos, incluindo textos digitais, que me geram grande fascínio, pois ainda estamos tentando entender como funciona”, relatou.
Segundo Marina, o livro foi intitulado “Por Histórias Incríveis”, por conta de uma das resenhas que foi produzida, do livro Por Lugares Incríveis. “A capa do livro foi desenhada por uma estudante, Jusiara Amorim, e temos a importância de valorizar o que os alunos escreveram, de valorizar a ilustração deles e de dar dignidade, independência, de apresentar um novo leque de perspectivas, de possibilidades que eles podem ter”, finalizou.
A pesquisadora iniciou a investigação no curso de Mestrado do mesmo Programa, por meio da análise cartas de acolhimento, escritas por alunos do Ensino Médio, que ficaram disponíveis em um mural na escola e também de posts no Instagram, falando sobre acolhimento e cuidados com a saúde mental. “E, agora, dou continuidade aos estudos sobre retextualização em sala de aula, tendo em vista o meio digital, mas utilizando o gênero discursivo resenha nessa análise”, explicou Marina.
Confira essa e outras pesquisas no site do “Ciência na Uesb”