De acordo com o pesquisador Cesar Miranda Mendes (1992), “o processo de verticalização, é apreendido como processo de construção de edifícios de quatro pavimentos ou mais.” Segundo Mendes, em relação a verticalização das cidades, sua “produção e apropriação de diferentes formas de capital, aliado às inovações tecnológicas, alteram a paisagem urbana”.
Com o objetivo de contribuir com o debate sobre urbanismo no município de Vitória da Conquista, a pesquisadora Lígia Cardoso Borges produziu na sua dissertação do mestrado em Geografia da Uesb análises e estudos sobre especulação imobiliária e sobre verticalização na cidade, baseado no contexto de disparidade social do município.
No mestrado, Lígia teve o apoio de disciplinas com foco em questões habitacionais que auxiliou na construção da base crítica da pesquisa, já a metodologia para contagem de prédios e cálculos de densidade populacional foram desenvolvidos com base em técnicas existentes e bases estatísticas, além dos dados inéditos que ela coletou. “Foram um ano e seis meses de coleta de dados por todos os 24 bairros de Vitória da Conquista, e em consultas a documentos históricos e legislações atuais e antigas, algumas já descontinuadas inclusive”, relatou.
A pesquisadora pontuou que desde a sua graduação, principalmente na iniciação científica, ela já se interessava pela alteração do espaço urbano. Executou trabalhos como análises de impacto de elementos culturais, como o Festival de Inverno Bahia. “Ao terminar a graduação pude focar em desenvolver pesquisas mais específicas e encontrei o foco, ainda dentro da área de urbanismo, na questão social de habitação e produção de espaço, quando afunilei a pesquisa para a análise dessa verticalização, já que é um processo que afeta todas as instâncias urbanas que eu já estudava”, contou.
Lígia acredita que em relação ao urbanismo a sua pesquisa torna-se fundamental para a construção das perspectivas futuras da cidade, pois, atualmente o município está em fase de atualização do plano de desenvolvimento urbano da cidade (PDDU), onde são observados diversos pontos de regressão em qualidade de vida e integração igualitária da sociedade. “Esses pontos foram abordados na minha pesquisa e agora foram comprovados, então acredito que é relevante para a atualização dessa lei, que é uma das mais importantes para construção e produção da cidade, já que a pesquisa fala sobre justiça social e a gente está vendo em tempo real uma regressão nesse processo de justiça social e direito à cidade.”
De acordo com a mestre, a intenção da sua pesquisa é mostrar para as pessoas de como o espaço urbano está sendo utilizado. “Pois somos levados a acreditar que o crescimento urbano que vemos na Tv ou nas redes sociais é real e benéfico para todos, sendo que na verdade ele é bem excludente e centrado no acúmulo de capital.”
Lígia se formou em Arquitetura e Urbanismo, em 2019, na Faculdade Santo Agostinho de Vitória da Conquista (Fasavic) e se especializou em Arquitetura Comercial pela Faculdade Unyleya. E no ano de 2021, ingressou no Mestrado de Geografia da Uesb, onde participou de grupos de pesquisa sobre habitação precária e dignidade humana, além de participar de algumas rodas de leitura sobre urbanismo e planejamento regional.
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