Garantir a permanência estudantil é uma das principais metas das Ações Afirmativas de uma universidade. Na Uesb, não é diferente. Há dez anos, a Instituição conta com o Programa de Assistência Estudantil, que busca dar condições para que os estudantes que ingressaram na Universidade tenham condições de finalizar o seu curso.
Mas como funcionam essa Ações? Quais são os desafios encontrados para, de fato, efetivá-las? Qual é a realidade dos alunos que dependem do Programa de Assistência Estudantil? Buscando entender essas questões, foi realizada na noite dessa terça, 17, no campus de Vitória da Conquista, a mesa-redonda “Acesso e Permanência: a história da Resistência Estudantil e as Políticas Institucionais na Uesb”.
“Esse é um tema que precisa ser tratado, tanto da perspectiva científica com a produção do conhecimento, quanto por ser, inclusive, um tema super atual, por conta dos cortes de verbas, a nível federal e estadual, que acabam impactando nos programas e políticas públicas direcionadas aos estudantes”, comentou a professora Márcia Lemos, coordenadora do Laboratório de Estudos Marxistas (Lemarx), que promoveu o evento em parceria com o Diretório Central dos Estudantes.
Para a professora Selma Matos, assessora de Acesso, Permanência e Ações Afirmativas (Aapa) da Uesb, é muito significativo ver a comunidade universitária engajada na discussão dessa temática. Segundo ela, essas iniciativas são importantíssimas para avaliar as Ações Afirmativas, entendendo melhor as reais necessidades dos estudantes.”Nós estamos empenhadíssimos em construir um processo de avaliação das ações vinculadas à democratização do acesso ao ensino superior e da permanência estudantil na Universidade”, pontou.
Para isso, de acordo com a assessora, é importante fazer a escuta da comunidade sobre o que ela percebe do impacto dessas políticas para a vida dos discentes e para as suas comunidades de origem. “Essas inciativas vão somando nesse processo de construção de uma reflexão mais aprofundada sobre as experiências que a Universidade têm desenvolvido ao longos desses anos, em relação a essas práticas e políticas de democratizar o acesso e garantir permanência”, afirmou a professora Selma Matos. Além disso, ela explicou que a partir desses debates, será possível traçar, construir e efetivar diretrizes que possam gerar mudanças concretas, redesenhando as Ações Afirmativas, de forma que elas sejam aprimoradas na Instituição.
O papel da Residência Universitária – Durante a mesa-redonda, a assistente social Marília do Amparo, apresentou dados da pesquisa que desenvolveu durante o seu curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Educação da Uesb. O trabalho de Marília apresentou dados sobre as condições de permanência na Universidade relacionada aos alunos moradores da Residência Universitária.
“Na pesquisa, intitulada ‘A Resistência dos Residentes: condições de permanência na moradia estudantil da Uesb’, nós discutimos, realmente, quais as condições de permanência dos estudantes que estão morando na Residência Universitária, sob a perspectiva discente”, contou Marília. Assim, segundo ela, “mais dos que os dados, a análise se deu a partir das opiniões e vivências dos estudantes”.
Marília comentou ainda que durante a execução do seu trabalho de pesquisa, foi possível perceber a importância das políticas de permanência estudantil da Universidade. “Durante a pesquisa, analisamos que essas ações têm um impacto positivo na vida desses estudantes, mas também há alguns entraves, algumas necessidades de melhorias, como, por exemplo, na infraestrutura da moradia, que é uma questão que os discentes trazem muito”, lembrou a assistente social.
A pesquisa foi realizada com nove estudantes, moradores da Residência, por meio de entrevistas semi-estruturadas. “Nesse momento, os alunos tiveram a oportunidade de demonstrarem as suas insatisfações, as suas vivências e também de demonstrarem a importância que a moradia tem na vida deles”, completou Marília.