Atividade típica de produtores de baixa renda do Sudoeste baiano, a caprinovinocultura vem perdendo força em municípios menores, como Anagé e Maetinga. Essa é a realidade apontada pelos dados disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nos últimos Censos Agropecuários. Em 2006, Anagé tinha cerca de 23 mil caprinos e ovinos; em 2017, esse número caiu para aproximadamente 11 mil. Já Maetinga, que em 2006 somava cerca de três mil animais, em 2017, possuía em torno de dois mil.
Com o objetivo de reverter essa situação e estimular o desenvolvimento de caprinos e ovinos na região, o Programa de Apoio à Caprinovinocultura (Procriar) realizou, entre os dias 1º e 5 de julho, uma capacitação de agentes comunitários rurais com jovens agricultores dos municípios de Anagé e Maetinga, que possuem convênio firmado com o Programa.
Durante os cinco dias, os jovens aprenderam técnicas de manejo com o solo, trato sanitário com os animais, como vacinação e casqueamento, e técnicas de produção e conservação de alimento, como a ensilagem e a fenação, processos utilizados para armazenar os alimentos no período de chuva para alimentar os animais durante a seca. Os participantes também são treinados a fazerem cadastramentos de produtores rurais, para que o Programa tenha retorno dos resultados.
“Estamos desenvolvendo esse trabalho com a intenção que eles repliquem essa informação. A gente quer que a informação chegue ao produtor rural e a forma que encontramos foi a de fazer uma nova geração, que são filhos de produtores que vêm para a Universidade. Aqui, eles assimilam esses conhecimentos básicos de um sistema de produção”, explicou o professor Jurandir Cruz, coordenador do Procriar.
Conhecimento compartilhado – A estrutura dessa ação nos municípios é simples: cada agente comunitário fica responsável por uma comunidade, um engenheiro agrônomo fica encarregado de coordenar um município e um veterinário fica responsável pela coordenação de todos os pólos.
Em Anagé, o agrônomo responsável é Rafael Soares, que enfatiza a importância do Procriar para o fortalecimento da economia local: “Anagé já foi um grande produtor de caprinos e ovinos. Nos últimos anos, a gente teve um decréscimo muito grande, e isso em virtude de várias questões. Você tem um cabrito, por exemplo, e ele não consegue atingir um ganho de peso ideal para o abate. Com esse treinamento, a gente vai ter um melhoramento do rebanho. O que faltava era estímulo”.
Filho de produtores rurais, Adão Filho, de 17 anos, é um dos agentes comunitários do povoado de Lindo Horizonte, pertencente a Anagé. Ele conta que o incentivo a participar do projeto partiu do pai. “O secretário de Agricultura de Anagé falou com meu pai e ele me incentivou a participar. Eu gostei da ideia porque eu tenho paixão por isso e nosso município está muito carente de atenção para a produção rural”, destacou.
Aduílio do Carmo, de 19 anos, é agente comunitário de Maetinga, mas, ao contrário da família de Adão, a sua vai passar a criar cabras e ovelhas a partir de agora e, provavelmente, estará nas próximas estatísticas do IBGE. “Antes a gente não criava porque não tinha alimentação. Só agora é que nós plantamos. E a gente viu aqui que precisamos preparar primeiro a alimentação e depois criar os animais”, concluiu Aduílio.