O projeto de extensão “Ciclo de debates sobre desenvolvimento econômico, sociedade e mercado de trabalho” está se debruçando sobre o movimento atual da economia, que tem resultado em um processo de precarização do trabalho. Nessa perspectiva, a ação realizou nessa segunda, 3, a palestra “Financeirização da economia e seus impactos no mercado de trabalho”, no campus de Vitória da Conquista. A atividade, que é vinculada ao Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Trabalho, Política e Sociedade (NETPS) e ao Departamento de Ciências Sociais Aplicadas (DCSA), foi ministrada pelo professor português Nuno Teles, visitante na Faculdade de Economia da Universidade Federal da Bahia (Ufba).
De acordo com o professor Marcos Tavares, membro do NETPS, o encontro marca o objetivo do projeto, que é de buscar entender os problemas brasileiros, que serão identificados e debatidos posteriormente, na nova ordem econômica mundial. “A gente entende que o capitalismo vive uma fase de intensa financeirização. Isto é, o mercado financeiro tem uma taxa de lucro que impõe também uma taxa de lucro pra esfera da produção e, com isso, a economia, de modo geral, começa a exigir uma maior exploração da força de trabalho. É isso que estamos querendo entender como está se dando em Portugal e na Europa, nesse primeiro momento, e nós teremos outras palestras para tratar do Brasil”, explicou.
Destacando que o processo de construção do conhecimento é enriquecido pelo intercâmbio de saberes e vivências, a participação do professor Nuno Teles, há seis meses no Brasil, trouxe, além da realidade europeia do tema, uma visão dos seus impactos no país e até mesmo na Bahia. “Para introduzir a questão da financeirização como um dos problemas que não tem tanto na região de Vitória da Conquista, temos a questão de como os fundos de pensões internacionais estão comprando terra, sobretudo, na região do cerrado baiano. Ou seja, como esses novos agentes financeiros estão se apropriando de terra, que, muitas vezes, são terras de fundo de pasto*. Isso cria uma tensão grande de luta pelos recursos e pela preservação dos modos tradicionais de viver”, contextualizou.
O professor apontou a multiplicidade de estudos do Brasil como o atrativo para a sua experiência no país. Ele ressaltou ainda a impressão do seu contato com a Uesb: “Fiquei bastante impressionado não só com a infraestrutura, mas com as pessoas, pela forma que fui recebido na Uesb. O conhecimento que eu tive sobre as linhas de pesquisa que são feitas aqui parecem muito interessantes e muito convergentes com aquilo que eu faço com o meu trabalho. A motivação maior que eu tive para vir ao Brasil foi por encontrar aqui, em Economia, que é mais difícil, um pluralismo teórico com diferentes perspectivas, que no Brasil ainda é bastante cultivado, e em outros países não tanto, como no meu país”.
Também integra a visita do professor, o minicurso “Crise europeia: impactos econômicos e sociais em Portugal”, realizado nesta terça, 4.
* produções caracterizadas pelo uso comunitário da terra e dos seus recursos.