Esporte de luta com espada, que lida com habilidades físicas e mentais, primeiramente praticada pelos samurais: assim é o kendo. A atividade esportiva sintetiza a arte milenar da esgrima japonesa, em que os competidores vestem uma armadura protetora e disputam pontos acertando partes específicas do corpo do adversário com espadas de bambu.
Praticante da arte marcial há quase 25 anos, o professor Paulo Bertoni, do Departamento de Filosofia e Ciências Humanas da Uesb, idealizou as aulas práticas de kendo, em 2013. Em junho deste ano, as ações retomaram em formato de projeto de extensão da Universidade.
Conforme o docente, o principal objetivo é proporcionar à comunidade a oportunidade de praticar uma arte marcial japonesa moderna, pouco conhecida e que traz inúmeros benefícios. “O kendo pode oferecer uma forma de condicionamento físico, ajudar a desenvolver algumas habilidades psicológicas, como concentração e disciplina, e pode funcionar como forma de autoconhecimento e autodesenvolvimento”, explica.
Bertoni enxerga, no projeto que desenvolve, a chance de levar, para além dos muros da Uesb, ações que mostrem como a Universidade é diversa. “A extensão é uma maneira de a Instituição chegar à comunidade. Em geral, a Universidade é marcada por um espaço plural, mas, muitas vezes, esse espaço fica confinado e restrito ao ambiente interno. Então, é muito importante esse papel de espalhar esse pluralismo”, comenta.
Essa filosofia chegou até o professor Marlon Dutra, praticante e difusor do kendo entre seus alunos do Ensino Médio, que acreditavam que a Universidade não era um lugar para eles. “Projetos como esses, que trazem para as pessoas uma ideia de que o Ensino Superior não é inalcançável, que ele está próximo, mostram uma nova perspectiva para o que eles podem fazer na vida. Muito desses alunos podem seguir a carreira como educador físico ou até se tornar um atleta profissional, e isso só acontece quando a Universidade se expande para a comunidade”.
Sobre o esporte – Em japonês, kendo significa “caminho da espada”. Segundo o professor, a arte marcial ensina muito dos princípios da educação japonesa que ressalta aspectos morais, filosóficos e espirituais tão importantes para a vida das pessoas. “Podemos dizer que, ao praticar o kendo, eu escolho a espada para trilhar um caminho. Na tradição budista, isso tem muito de um caminho de formação pessoal. É a prática com a espada que me ensina, por exemplo, coisas de mim, se sou impaciente, agressivo ou passivo”, esclarece.
O kendo pode ser praticado por qualquer pessoa, sem distinção de gênero. Crianças começam a praticar com 4 ou 5 anos e existem relatos de pessoas que praticam o esporte com até mais de 90 anos de idade. O praticante de kendo é chamado de kendoca ou kenshi.
Mariana Barbosa, estudante de Psicologia, atendeu ao convite do professor e passou a frequentar as aulas. “Eu não conhecia o kendo e, ao praticar, além de conhecer uma nova cultura, eu ganho experiência e aprendo com os inúmeros movimentos e detalhes, que ajudam no equilíbrio. Aqui, me sinto como se estivesse numa meditação, em que me distraio e não penso nos problemas, e também faz bem para o corpo”, relata.
Como participar – As aulas de kendo são realizadas às segundas e quartas-feiras, das 16h30 às 18 horas, na Praça CEUs, localizada na Rua Joana Angélica, no bairro Alto Maron, em Vitória da Conquista. A atividade é ministrada pelo professor Paulo Bertoni, que possui a graduação 4° dan (atualmente, a graduação máxima do kendo é o 8° dan), e podem participar pessoas com idade a partir dos 15 anos.
Para mais informações, entre em contato com o professor pelo e-mail paulo.bertoni@uesb.edu.br.