Um dos momentos mais importantes na vida da mulher é também o período em que ela se encontra mais suscetível à modificação de hábitos bucais. A gestação é uma etapa na qual os cuidados com a saúde oral são fundamentais e conhecê-los se torna ainda mais importante quando a preocupação em garanti-la também deve se estender ao bebê. É com essa perspectiva que o projeto de pesquisa “Conhecimento das gestantes sobre saúde bucal e o reflexo na saúde bucal dos bebês” é desenvolvido no campus de Jequié, sob coordenação da professora Ana Carolina Del-Sarto, do Departamento de Saúde 1.
O projeto, que conta com a participação de três alunos bolsistas de Iniciação Científica, tem o objetivo de avaliar, durante o acompanhamento e o atendimento do pré-natal, o nível de conhecimento de gestantes da cidade sobre a sua saúde bucal e a de seus bebês. Além disso, a pesquisa visa verificar se o acesso à saúde por meio da rede pública ou da rede privada interfere no grau de instrução das mulheres acerca desse aspecto.
A coordenadora conta que o estudo seria feito, inicialmente, apenas com gestantes atendidas pelo serviço público. Porém, ela percebeu a necessidade de pesquisar também o serviço privado, a fim de evitar o achismo de que as mulheres com menos recursos financeiros teriam menor conhecimento sobre saúde bucal.
Segundo a professora, a ideia de desenvolver o projeto surgiu durante a sua participação no 1º Congresso Brasileiro de Odontologia para Gestante, onde foi debatida a conduta da mulher no chamado “pré-natal odontológico”. O contato com essa discussão foi responsável por lhe instigar a se aprofundar na temática. “Eu vivenciava a dificuldade de acesso das gestantes ao atendimento odontológico, seja por sua condição social, seja por dificuldades ou obstáculos impostos pelo dentista ou pela própria gestão pública. Assim, os questionamentos foram me inquietando e, em virtude disso, decidi pesquisar a respeito do assunto”, afirma. Ela acredita que a atuação antecipada, baseada na informação e aliada ao apoio e ao envolvimento de todo núcleo familiar nesse processo, é fundamental para conseguir mudar a realidade da condição de saúde bucal das crianças.
Para avaliar a relação entre o nível de conhecimento das gestantes sobre saúde bucal e o reflexo disso na saúde bucal de seus bebês, a pesquisa se ancora na aplicação de dois questionários, sendo um deles voltado para a caracterização sociodemográfica das mulheres pesquisadas e o outro para a observação do seu grau de instrução quanto ao autocuidado com a saúde bucal e com a de bebês de zero a seis meses. Atualmente, essa etapa já foi concluída e o projeto se encontra na fase de interpretação dos resultados, que serão divulgados a partir da publicação de artigo científico. Com o estudo, a pesquisadora afirma que espera promover mudanças e oferecer ferramentas para que as gestantes sejam agentes modificadoras da condição de saúde bucal para si mesmas e, principalmente, para seus filhos.