Enquanto viajava, quantas vezes você já se deparou com placas de avisos sobre o perigo de animais na estrada? A partir de uma pesquisa que utiliza da Inteligência Artificial (I.A.), esses alertas podem chegar na palma da sua mão, via smartphone, por exemplo. Isso porque, pesquisadores desenvolveram um sistema, baseado na arquitetura Yolo (You Only Look Once), para identificar e localizar algumas espécies de animais nas rodovias.
“[Yolo] É um método muito rápido para o computador reconhecer objetos em imagens, como animais em uma estrada. Essa rapidez é crucial para avisar motoristas sobre animais no caminho em tempo real, ajudando a evitar acidentes”, é o que afirma o pesquisador Geraldo Pereira, professor da Uesb no curso de Ciência da Computação, e um dos colaboradores do projeto.
Segundo dados do Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE), estima-se que, a cada ano, 475 milhões de animais selvagens sejam atropelados nas estradas, ou seja, uma média de 15 seres mortos por segundo. Esses números foram uma das motivações para o desenvolvimento do projeto, que une inteligência artificial e processamento de imagens. “Isso não só protege os animais, como também pode salvar vidas humanas, alertando os motoristas mais rapidamente sobre o perigo”, destaca o cientista.
O processo de detecção de animais funciona da seguinte maneira: inicialmente, a partir de buscas realizadas na internet e filmagens realizadas pelos próprios pesquisadores no Parque Ecológico de São Carlos, em São Paulo, foram reunidas mais de 1.000 imagens de cinco espécies: anta, jaguarundi, lobo-guará, onça-parda e tamanduá-bandeira. Por meio de cálculos matemáticos desenvolvidos pela plataforma, foi possível identificar, com um pouco mais de clareza, qual elemento aparecia na imagem, além da sua localização. A Yolo destacava o animal identificado por meio de um retângulo, destacando, ainda, a probabilidade da certeza sobre aquela espécie.
Os pesquisadores acreditam na viabilidade do projeto, pois não se trata de uma tecnologia cara, podendo ser aplicada em sistemas instalados nas rodovias, apenas com a utilização de uma conexão Wi-Fi. “Uma tecnologia que não é cara. Ela tenta resolver o problema de não ter muitas imagens para treinar os computadores, usando técnicas especiais para ensinar essas máquinas a reconhecerem animais mesmo com poucas imagens disponíveis”, afirmou Geraldo.
Os experimentos, no entanto, ainda apresentaram dificuldades para identificar as espécies em situações de maiores dificuldades para identificação. “Planejamos melhorar o banco de imagens usado para treinar os computadores, adicionando fotos que mostram situações mais complicadas, como animais escondidos ou em condições climáticas difíceis”, concluiu.
Os pesquisadores também possuem projetos futuros para a utilização da tecnologia. A ideia é ampliar a identificação para casos de infrações nas rodovias, auxiliando no serviço realizado pela Polícia Rodoviária Federal. A pesquisa vem sendo realizada em parceria com a Universidade de São Paulo (USP).