A tecnologia vem se tornando algo indissociável na vida da maioria dos seres humanos. Hoje, se queremos lembrar de algo que a nossa mente possa esquecer, utilizamos a função do alarme, presente em nossos celulares, como um lembrete. Para saber das tendências que acontecem do outro lado do mundo, não é mais preciso ler jornais ou revistas, basta abrir a tela do aparelho móvel e digitar um simples termo de pesquisa no Google. Até mesmo para estudar, onde, normalmente, os conteúdos eram concentrados em livros físicos de bibliotecas, hoje, os arquivos digitais possuem a capacidade de substituição.
No entanto, a dedicação de boa parte do nosso dia na frente dos brilhos desses aparelhos pode acarretar em sequelas para a nossa visão. Foi com base nessas observações que o egresso do curso de Medicina da Uesb, Weslei Firmo, realizou uma pesquisa sobre o impacto de usos de aparelhos eletrônicos nas afecções oftalmológicas em estudantes da Uesb, no campus de Vitória da Conquista.
Segundo o estudo, a constante utilização dessas ferramentas pode desenvolver problemas visuais, como a Síndrome da Visão do Computador (SVC), nome dado ao conjunto de sintomas visuais que pode variar de pessoa para pessoa. Além disso, é possível identificar mudanças de postura, que prejudicam a coluna vertebral, e problemas auditivos, devido ao longo tempo de exposição auditiva para aqueles que usam fones de ouvido.
No processo de pesquisa, Weslei observou 132 estudantes da Uesb, dos cursos de Medicina, Direito, Agronomia, Física, Matemática, Geografia, Ciência da Computação, Letras, Psicologia, Biologia, Pedagogia e Administração. No formulário disponibilizado pelo estudante, foi possível notar um uso diário de 2 a 8 horas do celular. Com o notebook, esse período ficou entre 2 e 6 horas.
Durante as observações, Weslei notou que uma porcentagem relevante dos entrevistados apresentou alguns incômodos oculares, como, por exemplo, sensação de areia nos olhos, lacrimejamento, ardência ou ressecamento ocular. Porém, mesmo apresentando tais sintomas, 78% dos estudantes afirmaram que não deixaram de realizar as atividades habituais na frente dos eletrônicos. O profissional acredita que essa insistência no uso desses aparelhos foi potencializada pela pandemia de Covid-19, mas destaca a importância do cuidado com os olhos, mesmo que boa parte desse tempo nos universitários seja tomado pelos estudos.
O pesquisador lembra que é preciso descansar os olhos depois de longas jornadas de exposição a luz azul, luminosidade emitida por aparelhos eletrônicos, e classifica 20 minutos, no mínimo, como um período de descanso das telas, para maior comodidade e conforto visual. “A cada ano que passa, a educação virtual cresce. Na pandemia, aumentou ainda mais a necessidade de se utilizar o campo eletrônico. Portanto, é importante pensar que quanto mais dependemos das telas para ter melhores oportunidades de aprendizado e para cumprir com os compromissos da graduação, mais tempo estaremos expostos a sintomas visuais”, alerta o pesquisador.
Por fim, o médico deixou um aviso para a comunidade acadêmica: “para se prevenir, a comunidade precisa aprender a estabelecer horários limite para a execução de tarefas que exijam o uso de telas, assim como incluir horários de repouso visual, para que haja maior lubrificação nos olhos, maior frequência do piscar e menor tempo de exposição à luz azul”, completa.
Confira essa e outras pesquisas no site do “Ciência na Uesb”