Inserir a Química Forense na sala de aula pode ser uma maneira divertida de engajar os alunos com a ciência como forma de demonstrar como aplicá-la em situações do cotidiano. Esse foi o intuito da pesquisa dos estudantes do curso de Licenciatura em Química da Uesb, campus de Jequié, que resultou no artigo “Química forense: uma proposta para construção de oficinas didáticas para o ensino médio”.
A pesquisa foi aplicada pelos graduandos Gilvania Santos, Júlia Ellen Barboza, Luis Felipe Santana e Siméia dos Santos aos alunos do 2̊ e 3̊ ano do ensino médio, do Colégio da Polícia Militar (CPM) Professor Poeta Luís Neves Cotrim, em Jequié. Para isso, foram realizadas atividades sobre a temática, o que possibilitou a aplicação de um questionário de sondagem. O principal objetivo do questionário foi analisar de que forma os assuntos, relacionados à Química Forense, contribuíram para o aprendizado dos alunos durante o ensino médio.
Gilvania Santos afirma que percebe uma certa insatisfação dos alunos do ensino médio ao mencionar a Química. “Essa matéria é encarada de forma assustadora, centrada em átomos, moléculas e cálculos, o que leva os alunos a não perceberem sua relevância”. Porém, ao aplica-lá de outra maneira foi possível despertar o interesse e demonstrar como a temática pode ser utilizada na resolução de problemas do mundo real.
Busca-se, através da Química Forense em sala de aula, a mostragem de técnicas, atividades experimentais e discussões relevantes sobre os conteúdos que os estudantes possuem na grade curricular. Fazendo com que eles se sintam atraídos e estimulados em aprender mais sobre a temática. “O olhar com brilho, a curiosidade aguçada, o contentamento de compreender mais sobre o tema abordado nos mostrou uma turma de alunos totalmente diferente da realidade atual que é uma sala de aula desmotivada”, destaca a graduanda.
Desenvolvimento do estudo
O desenvolvimento dessa pesquisa partiu do Programa de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid), que possibilitou aos graduandos desenvolver diversas oficinas em 2023. A equipe tinha a preocupação com os conhecimentos e com as relações que esses alunos do ensino médio iriam estabelecer a partir de cada tema abordado. Após uma sequência de trabalhos, que envolveram de assuntos corriqueiros do cotidiano, como fogos de artifícios, a assuntos mais complexos, como luminescência, foi iniciado o trabalho com a Química Forense.
Para a realização das oficinas, Gilvania destaca a necessidade de estabelecer uma sequência didática para enriquecer o conhecimento a cada passo. “Foi um trabalho árduo construir essa temática, fizemos pesquisas sobre o tema, depositamos muito tempo na construção e busca dos materiais e reagentes. Por exemplo, queríamos mostrar a eles o luminol na cena do crime, mas a substância é somente para fins de investigação mesmo. A solução que encontramos foi fazer a substituição do luminol com a diclorofluoresceína e deu muito certo”, explica.
Logo após a realização das oficinas, foi feito um questionário para qualificar quais conhecimentos os alunos conseguiram adquirir ao decorrer das atividades. Com as respostas obtidas, a equipe de graduandos as utilizou na construção do artigo publicado.
Sobre a Química Forense
Trata-se de uma área da ciência forense que emprega os fundamentos e métodos da química para a investigação de crimes e a solução de questões legais. O foco principal é examinar vestígios físicos e químicos coletados em locais de crime, a fim de disponibilizar dados que auxiliem na identificação de possíveis culpados, na reconstrução dos acontecimentos e na apresentação de evidências em procedimentos judiciais.
Ao incorporar a química forense na sala de aula é importante adaptar as atividades ao nível de conhecimento e interesse dos alunos, garantindo que sejam desafiadoras, educativas e éticas. Além de enfatizar a importância do pensamento crítico, da colaboração e da aplicação responsável da ciência “a Química Forense, nesse contexto, foi uma ferramenta de auxílio importante. Através dessas oficinas foi possível estabelecer aos estudantes uma relação direta entre o ensino de química e o cotidiano”, finaliza Gilvania.
O artigo “Química forense: uma proposta para construção de oficinas didáticas para o ensino médio” foi publicado na Revista de Estudos em Educação e Diversidade (Reed) e está disponível aqui.
Confira essa e outras pesquisas no site do “Ciência na Uesb”