A 14ª edição da Semana de Educação da Pertença Afro-Brasileira aconteceu entre os dias 16 a 20 de novembro, no campus de Jequié. Neste ano, o evento teve como tema “Guardiões das Sabedorias e Ancestralidade, produção de conhecimentos e resistências”.
Promovido pelo Órgão de Educação e Relações Étnicas (Odeere), foi realizado, durante semana, o 1º Seminário de Educação Indígena, o 1º Encontro de Religiões de Matriz Africana, o 1º Sarau: linguagens Afro-brasileiras e o 1º Fórum de Educação, abordando as leis 10.639/03 e 11.645/08, Gênero e Diversidade Sexual.
Em relação à temática do evento, ao resgate e valorização da ancestralidade das pessoas idosas e com mais experiências de vida, o coordenador da Semana, professor Natalino Perovano Filho, salientou que a atual sociedade despreza e menospreza os antepassados. “O tema dos nossos eventos traz justamente o resgate, essa busca desses importantes guardiões de sabedorias, tanto do senso comum quanto do senso científico”, disse.
A abertura da Semana abordou o tema “Toques para Inquices, Voduns e Orixás”, com o Ogã Fabiano de Ogum. Na avaliação do coordenador, entre os vários destaques da Semana, esteve o encontro de adeptos e simpatizantes de diversas religiões que participaram do 1º Encontro de Religiões de Matriz Africana. “Isso foi legal porque desmistifica os preconceitos e quebra os estereótipos. Muita gente de outras religiões ficou conhecendo um pouco do candomblé, por exemplo”, explicou Perovano.
Mais de 200 participantes, entre estudantes, professores, pesquisadores e simpatizantes, estiveram no evento. Na programação infantil, foram atendidas cerca de 60 crianças por dia. Diversas atividades foram realizadas como minicursos, grupos de trabalhos, rodas de conversas, lançamento de livros, samba de roda, relatos de experiências e uma vasta programação para crianças no Cantinho do Griôt, além da exibição do filme “1798 – Revolta de Búzios”, do cineasta jequieense Antonio Olavo, para uma plateia de estudantes de escolas públicas.
Resgatando o passado – O objetivo dos eventos foi estudar as histórias dos antepassados e os elementos que valorizam os indivíduos no grupo étnico ao qual pertençam, promovendo discussões que proporcionem reflexões acerca daqueles que testemunham a experiência e a longevidade por meio da tradição oral. A ação também contou com debates sobre a religiosidade, a ancestralidade e a aquisição de novas formas de conhecimentos, entre outros aspectos ligados a questões das relações étnicas na sociedade contemporânea.
Edy Lopes, discente do curso de extensão em “Metodologia da Pesquisa” do Odeere, participou do minicurso “Narrativas Africanas de Língua Portuguesa: independência e utopia”. “Minha participação foi importante para nos aceitarmos como somos. Precisamos ser nós mesmos, aceitar nossa identidade e empoderar”, salientou.
A cursista de extensão de “Gênero e Diversidade” do Odeere, Gesilda Santos da Luz, fez uma oficina e se mostrou realizada. “Desde quando entrei na Uesb, participo da Semana da Pertença. Acho muito importante porque estamos vendo várias questões o tempo todo na mídia. Esse foi um dos motivos que procurei o curso, para ter uma base e entender estes preconceitos que estão muito presentes na sociedade”, contou.
As conferências de encerramento foram proferidas pela professora e pesquisadora do Odeere, Marize de Santana, com o tema “Processos Educativos: sabedoria e vivências como guardiões da cultura”, e pela secretária de Educação do Município de Jequié, Graça Bispo, que abordou a legislação pertinente a Gênero e Diversidade Cultural.