“Foi um chamado à consciência e à luta, para que a gente possa garantir o acesso à educação para as populações historicamente excluídas de direitos na nossa sociedade”. A definição da Aula Magna do semestre 2019.1 da Uesb foi dada pela professora Amélia Teresa Maraux, pró-reitora de Ações Afirmativas da Universidade do Estado da Bahia (Uneb). Sob sua condução e com a participação do professor, também da Uneb, Milton Pinheiro, o evento abordou o tema “Educação e Direitos Humanos no contexto atual: desafios e perspectivas”, no campus de Vitória da Conquista.
A professora buscou analisar a conjuntura atual, a partir de um histórico dos últimos tempos. Segundo ela, foi abordado “o que aconteceu nos últimos três anos, que resultou no golpe contra a presidente Dilma Rousseff e as implicações que isso trouxe para aquilo que a gente conseguiu construir desde 1988, com a Constituição, e depois em 1990, com a reorganização dos movimentos sociais e, principalmente, com a luta dos movimentos feminista, negro, LGBT e do campo, por direitos educacionais”.
Nesse sentido, a pró-reitora destacou a relevância das cotas para o acesso à universidade, a partir dos anos 2000, por grupos que tiveram esse direito negado na maior parte da história do país até então. “Vencer as desigualdades educacionais e raciais foi o caminho construído pela luta por ações afirmativas e por direito”, refletiu.
Para ela, é necessário ainda destacar “a importância hoje da consolidação das ações afirmativas nas universidades e mais precisamente a inclusão através da ampliação das cotas, não só para negros, negras e indígenas, mas também para outros segmentos como quilombolas, pessoas com deficiência, ciganos, travestis, transexuais, e pensar para além disso, as políticas de permanência”.
Semana de Integração – A Aula Magna fez parte da programação da Semana de Integração, pensada pela Pró-reitoria de Graduação (Prograd) e pela Assessoria de Acesso e Permanência Estudantil e Ações Afirmativas (Aapa), com a parceria dos Colegiados, Diretórios Centrais dos Estudantes e Centros Acadêmicos. De acordo com a professora Selma Matos, que está à frente da Aapa, esse é um momento voltado para a orientação dos alunos que acabaram de ingressar no ensino superior.
“É um momento de acolhimento, de sensibilização, e de apresentação da Instituição para esses estudantes. Nós criamos vários espaços, dinâmicas e atividades para que os novos alunos adentrem a Universidade conhecendo um pouco da sua cultura, rotina, linguagem e ambiente físico. É onde ele começa a entender o que é o mundo universitário e o mundo acadêmico, que é muito diferente das experiências escolares anteriores”, comentou a assessora.
Segundo ela, a escolha do tema para a Aula Magna reflete uma preocupação de todos os segmentos que participam da organização da Semana. “É um momento que nos preocupa, e que, às vezes, até nos assombra porque existe uma cultura de violência e de ódio, que vem sendo cultivada e estimulada. A gente está vendo serem ameaçadas conquistas civilizatórias fundamentais, relacionadas ao respeito, à dignidade da pessoa humana, ao direito à diversidade”, ressaltou.
Nesse cenário, o papel da Uesb, vai além da produção de conhecimento. É o que conclui a professora Selma: “Nós achamos importante que a Universidade debata isso e seja foco de resistência a esses retrocessos. É um convite aos calouros, para que entrem nessa luta conosco, em defesa dos direitos humanos, em defesa da universidade pública – que é um direito -, em defesa do direito à educação, que está seriamente ameaçado”.