Durante o período da seca, muitos agricultores se sentem inseguros em relação à produção. Foi associando o pensamento empírico sobre a região afetada pela estiagem com a pesquisa científica que o professor do curso de Engenharia Florestal, Odair Lacerda Lemos, percebeu a importância de verificar se algumas regiões que sofreram ausência de chuvas e alterações antrópicas estão propensas à desertificação.
De acordo com a pesquisa, o termo desertificação, que vem sendo utilizado desde a Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação, em 1994, é definido como “a degradação da terra nas zonas áridas, semiáridas e subúmidas secas, resultante de vários fatores, incluindo as variações climáticas e as atividades humanas”.
Utilizando imagens de satélites, os alunos bolsistas de Iniciação Científica, sob a orientação do professor, verificam e acompanham dados expostos na imagem de três microrregiões da região Sudoeste (Brumado, Itapetinga e Vitória da Conquista). Durante o processo, são utilizados algoritmos específicos e uma metodologia própria para analisar e modelar os dados das imagens de satélites. A ideia é orientar o trabalho a partir de indicadores biofísicos como os índices de vegetação, a temperatura e o fluxo de calor no solo e o albedo (índice de absorção solar).
Segundo o professor, é importante ressaltar que é realizada na pesquisa uma associação desses índices capaz de apontar quais locais estão mais suscetíveis ao processo de desertificação. “O que não significa que estão desertificados hoje. Mas, se não tiver um trabalho de monitoramento e conscientização, pode vir a acontecer”, afirma o coordenador. Ainda de acordo com Lemos, essa alteração é dinâmica. Em um determinado ano, a região pode apresentar risco de desertificação, e, após um processo de regeneração, exista a possibilidade de a mesma área deixar de ser suscetível a isso. Sendo assim, cinco anos, por exemplo, mantendo o mesmo padrão já é um sinal de alerta.
A ideia é, futuramente, com informações mais concisas, o resultado final ser publicado numa plataforma criada pelo projeto para contribuir com a comunidade. Para o coordenador, é importante também os órgãos governamentais terem acesso aos resultados para tentarem reverter o quadro de degradação das áreas afetadas. O trabalho na Uesb vem sendo realizado desde 2015 e pretende encerrar daqui a dez anos. Até o momento, dados parciais foram divulgados em eventos científicos, com o apoio da Uesb e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).