Resistência e luta. Com esse conceito, o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica (29 de agosto) foi lembrado na roda de conversa “Visibilidade Lésbica: vivências e resistências”. A iniciativa aconteceu nessa quinta, 30, promovida pelo Laboratório de Estudos em História Cultural (Lehc) em parceria com o Diretório Central dos Estudantes (DCE), do campus de Vitória da Conquista.
A data chama a atenção para um grupo que é invisibilizado pela sociedade, até mesmo dentro do próprio movimento LGBT, e sobre o qual a opressão sofrida resulta em grandes consequências em diversos aspectos. É o que explica a professora do Lehc, Márcia Lemos: “Essas mulheres não têm um tratamento adequado no Sistema Único de Saúde (SUS). Os profissionais estão pouco preparados para lidar com elas, isso quando eles não têm preconceito. Também no âmbito profissional, quando essas mulheres não têm o estereótipo clássico de feminilidade da sociedade patriarcal, elas acabam sofrendo discriminação e têm dificuldade em seguir carreira. No âmbito reprodutivo, o próprio engravidar e registrar a criança no hospital tem um conjunto de exigências que não são feitas aos casais heteronormativos”, ilustrou a docente.
Nesse cenário, a discente do DCE, Nayla Magalhães, destacou que o momento foi pensado não só para celebrar, mas também para mostrar a luta diária dessas mulheres em uma sociedade machista. “Vimos a necessidade de trazer pra Universidade, onde, muitas vezes, pensamos ser um ambiente avançado, mas que repete todas as mazelas do mundo lá fora, porque não estamos deslocados do mundo. Pensamos em mostrar aqui, na Uesb, que essas mulheres existem e que estão fazendo resistência”, refletiu.
A atividade contemplou diversos temas, como o histórico da opressão às mulheres lésbicas, machismo, relacionamentos homoafetivos e o combate à LGBTfobia, com a participação dos Coletivos LGBT Comunista, Feminista Classista Ana Montenegro e Obá Elekó. Esse último abordou a lesbianidade negra, com a estudante do curso de História, Daiana Souza. Ela ressaltou a opressão vivida pela mulher desde o início da história brasileira e a forma como hoje esse silenciamento vai além.
“Quando a gente traz essas opressões pros dias atuais, a gente tem que trazer um recorte de interseccionalidade e lembrar que essa mulher sofre opressão por ser mulher, por ser lésbica e por ser negra. A opressão sobre ela é tripla, é acentuada, em uma sociedade hoje veladamente racista e estruturalmente patriarcal”, defendeu a discente. Para ela, o caminho para se repensar essa realidade é a educação. “Na História, a gente, como professor, vê que, quando o aluno reflete sobre a estrutura e sobre o significado dessa opressão, ele acaba não reproduzindo. Porque tudo que a gente faz é reproduzir discursos e, quando a gente reflete sobre eles, paramos de reproduzi-los”, finalizou.