Ao perceber uma investigação científica ainda pequena sobre saúde bucal de idosos, surge, em 2015, o projeto de pesquisa “Saúde Bucal e Qualidade de Vida de Idosos”, coordenado pelo professor Haroldo José Mendes, do Departamento de Saúde 1, campus de Jequié. A iniciativa busca avaliar o perfil socioeconômico e a influência da saúde bucal na qualidade de vida desse público, com a finalidade de traçar metas prioritárias que atendam a necessidade desta população.
Já em fase de finalização, o estudo foi desenvolvido em Unidades de Saúde da Família (USF) da zona urbana do município de Jequié. Os dados foram obtidos a partir de entrevistas com 114 idosos, em abordagem consentida em salas de espera dessas USF. Com foco no serviço público, os resultados possibilitaram avaliar o grau e o impacto da saúde bucal e seus efeitos na qualidade de vida desse público-alvo.
Como parte do perfil socioeconômico detectado na pesquisa, Mendes sinaliza que 61,5% dos idosos declararam ter estudado apenas até o Ensino Fundamental e 95,6% recebem até três salários mínimos mensais. A iniciativa também buscou entender de que forma essa população pesquisada se relaciona com o serviço odontológico. Conforme os dados, apenas um individuo declarou nunca ter visitado um dentista e 67,5% o fizeram há mais de três anos; 32% declararam procurar o profissional por motivo de dor e 52,2% para extração e colocação de prótese dentária. Além disso, 59,6% informaram que sua última visita ao dentista foi feita no serviço privado.
Segundo o coordenador da pesquisa, foi possível concluir que o impacto da saúde bucal na qualidade de vida da maioria dos idosos é algo condizente com as precárias condições de saúde bucal dos indivíduos pesquisados, marcada, por exemplo, pela alta prevalência de dentes perdidos e necessidade de prótese. Em dados, cada idoso apresentava uma média de 27 dentes afetados pela cárie dentária, sendo que 91,76% deles se referem a dentes perdidos.
O estudo também aponta que 71,1% dos idosos examinados usam algum tipo de próteses dentária e 26,3% necessitam usá-las. “Esses dados podem orientar no planejamento dos serviços de saúde bucal para a promoção de saúde, prevenção de agravos e autocuidado destinados a esse grupo populacional”, explicou Mendes.
Alguns resultados da pesquisa já foram apresentados em congressos da área de Odontologia e serviram de base para trabalhos de conclusão de curso. Além de Mendes, a pesquisa foi desenvolvida pelos professores Cezar Augusto Casotti e Patricia Elizabeth Souza Matos, ambos da Uesb, e pelas discentes Joanna Mota Rios Santos e Maylane Narde Souza.