As pessoas idosas tendem a ter um grau de fragilidade maior, principalmente aquelas que já estão próximas aos 80 anos, quando já passam a ser consideradas idosos longevos – faixa etária que, nos últimos anos, tem crescido muito. Nessa idade, aumenta a vulnerabilidade e a dependência, por isso, é necessário que elas recebam cuidados especiais. Mas a nossa sociedade está sabendo lidar com o envelhecimento?
Buscando sensibilizar e conscientizar sobre questões relacionadas ao processo de envelhecer, destacando os cuidados e direitos da pessoa idosa, acontece até este sábado, 5, em Vitória da Conquista, a 3ª Semana do Idoso. A atividade também busca celebrar o Dia Internacional do Idoso, comemorado em 1º de outubro, e é realizada pela Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI) – Abrigo Nosso Lar, em parceria com a Uesb, por meio do Espaço de Convivência entre Afásicos e não Afásicos (Ecoa) e o Laboratório de Pesquisa e Estudos em Neurolinguística (Lapen), vinculados ao Programa de Pós-Graduação em Linguística (PPGLin).
“O idoso é um sujeito fragilizado perante à sociedade, mas é um sujeito que deve ter a sua autonomia preservada”, comentou a professora Nirvana Ferraz, vinculada ao Departamento de Estudos Linguísticos e Literários (Dell), que coordena o evento. Nesse sentido, segundo ela, a Semana está abordando temas como “riscos de queda, a questão com os cuidados paliativos e os direitos desses idosos”.
Pesquisas sobre linguagem no envelhecimento – O evento também está sendo um momento importante para apresentação e divulgação de pesquisas relacionadas à neurolinguística, especialmente, no que se refere à linguagem no envelhecimento. Simone Máximo, aluna do curso de Mestrado em Linguística, ministrou a palestra “Silêncio e Ressignificação”.
Segundo a pesquisadora, na maioria das vezes, principalmente por causa do afastamento do núcleo familiar, é recorrente a questão do silenciamento social do idoso. “A partir do momento que a pessoa envelhece, ela vai tendo várias perdas durante o decorrer da vida, perdas laborais, cognitivas, físicas, biológicas, neurobiológicas, e aí ela vai sendo silenciada”, contou Simone. Mas, de acordo com ela, o estudo do silêncio, enquanto linguagem, pode contribuir para desenvolver meios de intervenção que possam ajudar a pessoa idosa. “Esse conhecimento permite que nós consigamos entender melhor o que o idoso, que muitas vezes é silenciado socialmente, tem a nos dizer”, completou a pesquisadora.
Integração – A Semana do Idoso está contando ainda com atividades de integração junto ao grupo de idosos institucionalizados no Abrigo Nosso Lar. Uma delas abordou o tema “A música como instrumento de estimulação cognitiva e linguística no envelhecimento: contribuições da Musicoterapia”, que foi conduzida pela professora Maria Fátima Baia, também vinculada ao Dell.
A docente explicou que um dos grandes objetivos da musicoterapia é promover o bem-estar via música. “Além disso, a musicoterapia vem auxiliar na estimulação cognitiva, e a gente sabe que no envelhecimento muito se perde. É também uma ferramenta muito importante para a estimulação linguística e a expressão da linguagem, mas não uma linguagem isolada, mas a expressão do pensamento e da emoção”, afirmou a professora.
Dona Ady Rebouças foi uma das idosas atendidas pelo Abrigo Nosso Lar que participou da musicoterapia. Seu filho, Luciano Rebouças, que acompanhou a atividade de perto, reforçou a importância dessa ação da Universidade. “Os idosos aqui têm a necessidade de se alegrar, de se divertir, ver pessoas diferentes e realizar coisas diferentes, o que contribui até para mudar o quadro de saúde deles. As vezes, um desses idosos pode estar com algum problema, mas quando chega o pessoal para fazer essas atividades, ele começa a melhorar”, comentou Luciano.