“Quando a gente fala em amianto, a gente fala em meio ambiente, em vida, falamos da vida do homem e da mulher trabalhadora”, disse o procurador-chefe da Procuradoria Regional do Trabalho da 5ª. Região, Luis Carneiro, na abertura do “1º Seminário do Sudoeste Baiano sobre o Amianto”. O evento, que se estende até esta sexta, 28, discute os problemas de saúde pública e dos impactos ambientais herdados da exploração do amianto em Bom Jesus da Serra, realizada entre 1939-1967.
De acordo com o procurador, o Brasil ocupa a quarta posição no ranking mundial de acidentes fatais de trabalhos. A Bahia tem um incidente a cada 54 minutos e, no Brasil, o número é a cada 44 segundos. Esse dados revelam “a importância da discussão em relação à saúde e segurança do trabalhador”, disse.
A luta para reconhecer os danos causados pela exploração do amianto na região é antiga. Problemas de saúde e no meio ambiente, durante os mais de 50 anos em que se encerrou a exploração, resultaram na mobilização de entidades civis para construir ações públicas com foco em assegurar a proteção a essas pessoas.
Para o professor Luiz Otávio de Magalhães, reitor da Uesb, essa atividade tem um impacto social muito importante, porque ela reflete um posicionamento público dos órgãos de Estado perante os problemas gerados aos trabalhadores. “Esse evento de hoje, que a Uesb está apoiando, envolve autoridades de Medicina, do Judiciário, autoridades acadêmicas de universidades do Brasil e da Europa, porque essas atividades não dizem respeito somente a Bom Jesus da Serra, mas envolve toda atividade de exploração mineral no mundo e que não temos regras definidas”, defendeu.
Segundo a engenheira Fernanda Gisnnasi, fundadora da Associação Brasileira de Expostos ao Amianto (Abram), apesar das empresas terem conhecimento das consequências tóxicas da substância nos trabalhadores, nada foi feito com relação a isso. “O amianto é uma substância cancerígena para os seres humanos, isso é muito bem estabelecido do ponto de vista científico. Nós temos instituições da OMS [Organização Mundial de Saúde] que confirmam que ele é o grupo 1, quer dizer, não há dúvidas que ele é nocivo à saúde humana. Essas empresas, quando vieram para o Brasil, fugindo da Segunda Guerra Mundial, já sabiam que havia problemas de saúde e elas nunca mencionaram aos seus trabalhadores”, explicou.
A ideia da atividade é propor soluções de forma a contribuir com a recuperação da área afetada, bem como auxiliar na saúde dos moradores e trabalhadores da região.