Foi realizado nessa quarta, 3, no campus de Jequié, o Seminário “O racismo e suas faces”, no qual foram discutidos aspectos do racismo na contemporaneidade. O evento foi promovido pelo Coletivo Ato e contou com mesa-redonda, palestras, intervenções artísticas, projeções de vídeos, cortejo e atividades culturais.
Ao longo da programação, foram abordados três eixos temáticos em mesas de debate e conversa mediadas pelo professor Silvano Conceição, do Departamento de Ciências Humanas e Letras (DCHL): “A historiografia do racismo no Brasil”, atividade conduzida pelo professor Gabriel Swahili, da Universidade Federal da Bahia (Ufba); “O racismo na Educação”, conduzida pela professora e cientista social Luanda Naiade; e “O racismo induzindo o comportamento humano”, conduzido pelo psicólogo Lucas Novaes.
Sobre a criação do Coletivo Ato, o professor Silvano Conceição discorreu: “O Coletivo Ato se formou por conta do diagnóstico que a gente tem feito aqui na cidade em relação aos atos de racismo e de injúria racial que alguns estudantes, e até mesmo a população, vêm sofrendo. Daí o grupo nasce enquanto um coletivo para tentar realizar algumas atividades de cunho educativo e não de cunho judicial, porque a gente acredita que é pela via educacional que a gente consegue mudar os comportamentos racistas ou comportamentos de discriminação e preconceito”.
Para o acadêmico do sétimo semestre de Licenciatura em Teatro, Anderson Santos Coelho, participar do evento é uma forma de assumir sua identidade. “Eu entrei na faculdade com outro pensamento e esses eventos, que estimulam a pessoa a ter conhecimento do seu corpo, da sua cor, é muito importante”, disse.
A acadêmica do sétimo semestre de Pedagogia, Cibele Pinheiro Lima, também prestigiou o evento ao apresentar-se com seu grupo em uma intervenção artística. “O racismo é um tema polêmico presente no cotidiano. Recentemente, uma aluna da Uesb sofreu um ato de racismo e, a partir disso, nós resolvemos fazer essa ação. A contribuição do meu grupo foi uma apresentação para mostrar que você não precisa ser negro, não precisa sofrer o racismo para lutar contra, porque o racismo afeta todos. É uma doença em nossa sociedade e a gente precisa superar isso”, declarou.
Na oportunidade, o professor da Ufba, Gabriel Swahili, falou da importância do evento. “O Brasil é um país que foi construído com base na escravização e no extermínio de povos indígenas e africanos, principalmente. Essa história vem, por muito tempo, sendo enterrada e a universidade brasileira, não só por causa de justiça, mas também por uma questão de produzir um conhecimento socialmente relevante, precisa se debruçar sobre esse assunto histórico, se debruçar sobre esses processos e tentar contribuir para a sociedade, para que eles parem de acontecer. Parte da nossa função dentro da Universidade é entender a realidade e contribuir com propostas de solução”, concluiu o docente.