O fim do século 20 veio acompanhado da expansão do ativismo de grupos independentes, que se mobilizaram em torno de pautas da comunidade composta por lésbicas, gays, bissexuais e transexuais (LGBT), e de movimentos feministas. Desde então, estudos sobre os temas conquistaram espaço no meio acadêmico. A partir desse campo de reflexão, foi realizado, entre os dias 12 e 13 de dezembro, o 1º Seminário sobre “Gênero, Sexualidade e Trabalho”, no campus de Vitória da Conquista.
A atividade foi uma realização conjunta entre os laboratórios de Estudos em História Cultural (LEHC), História Social do Trabalho (Lhist), de Estudos e Pesquisas em Ensino de História (Lapeh), do Núcleo de Estudo e Pesquisa em Trabalho, Política e Sociedade (NETPS), do Grupo de Estudos e Pesquisas em Políticas Públicas para a Educação Superior (GEPPPES) e do Diretório Central dos Estudantes (DCE) – Gestão Kamayurá. O evento contou com palestras, minicursos, intervenções culturais, e apresentações de diversos trabalhos acadêmicos.
Segundo uma das coordenadoras do Seminário, professora Márcia Lemos, do Departamento de História (DH), o evento propõe informar, superar o senso comum e a irracionalidade. “O objetivo do nosso Seminário é mostrar como três categorias, como trabalho, gênero e sexualidade, articuladas com o capital e com a sociedade que nós vivenciamos, são objetos de estudos consolidados historicamente, no Brasil e no mundo, e assim devem ser entendidas. E não compreendidas sob uma via obscurantista da desinformação”, destacou a docente.
A mesa de abertura teve como tema “O Privilégio da Servidão no Século XXI: Mulheres, LGBTs, Trabalho e Igualdade”. A professora Sofia Manzano, do Departamento de Ciências Sociais Aplicadas (DCSA), que compôs a mesa, destacou que a discussão transpõe as implicações da desigualdade no mercado de trabalho para as mulheres, a população LGBT e para os negros e negras. “Estamos falando do trabalho como condição humana. Diante do cenário que temos visto, de perseguição ao avanço das Ciências Sociais, aqui nós temos um ponto de resistência muito importante. A Universidade é o espaço do conhecimento, da criação, da crítica, e do avanço científico”, afirmou Manzano.
O professor e coordenador do curso de Direito da Uesb, Luciano Tourinho, que também participou da mesa, relembrou o objetivo da Constituição Federal: estabelecer a igualdade. “Todavia, essa igualdade não é alcançada, e quando nós verificamos as questões relativas às relações de trabalho, essa desigualdade é ainda mais evidente. Principalmente, quando temos uma percepção acerca da desigualdade salarial, com relação ao gênero, e das dificuldades de acesso ao mercado de trabalho pela comunidade LGBT, principalmente pelos transexuais e travestis, que não têm acesso à via formal de trabalho”. Para Tourinho, o debate desses temas tem o poder de promover mudanças até mesmo na consciência social e, consequentemente, gerar oportunidades.