A criação de alternativas para amenizar quadros de desiguldades e discriminações tem sido um dos objetivos pautados pela Uesb desde 2008, com a implantação das Políticas de Ações Afirmativas na Universidade. Apresentando uma avaliação dessas Políticas, o Seminário “10 anos de Ações Afirmativas na Uesb” teve início na noite dessa quarta, 11. Ao longo do evento, foi possível participar de discussões em torno dos principais questionamentos sobre a atuação da Universidade dentro desse contexto para, assim, possibilitar a construção de novas propostas que possam atender à comunidade.
De acordo com o professor Luiz Otávio de Magalhães, reitor da Uesb, apesar dessa política se firmar como uma ação efetiva na Uesb, no sentido de contribuir para a eliminação de desigualdades historicamente acumuladas, é válido afirmar que isso é um objetivo difícil de ser alcançado. “Hoje, 10 anos depois, essas desigualdades não foram eliminadas, mas isso envolve outros elementos que estão para além das universidades. E, com certeza, a exacerbação de desigualdade tenderia a ser mais dramática se não fossem as universidades”, explicou o reitor durante a abertura do Seminário.
Magalhães pontuou ainda que é importante perceber que a atuação da Instituição dentro desse processo vai para além das políticas de reserva de vagas e permanência estudantil. “Ela também passa pela construção do interior de nossas comunidades universitárias, de um ambiente de respeito à cidadania, de celebração à diversidade e de repúdio a todas as formas de coação, de assédio e de discriminação”, defendeu.
Realidade nacional – Abordando o cenário geral de acesso ao ensino público no país, a palestra de abertura do evento contou com a participação da professora Rosana Rodrigues, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A partir da perspectiva das Políticas de Ações Afirmativas, ela pontuou as principais características, avanços e desafios nessa área. Segundo Rodrigues, o resultado do balanço deduz que, mesmo com o impacto significativo das ações afirmativas para a ampliação de acesso ao Ensino Superior por parte de grupos menos representados, ainda existe uma grande desigualdade desse acesso no país.
Conforme dados do Censo da Educação Superior de 2019, apresentados por ela, 8,8 milhões de jovens, entre 18 e 24 anos, concluíram o Ensino Médio, porém não tiveram acesso ao Ensino Superior. A justificativa para essa desigualdade traz questões como a necessidade de trabalhar, a baixa qualidade da maioria das escolas públicas do Ensino Médio e, também, a desinformação desses jovens sobre mecanismos de ingresso ao Ensino Superior.
“Além do desafio de se sustentar financeiramente enquanto cursam uma universidade pública, muitos cotistas não conseguem participar de toda gama de atividades oferecidas por essas instituições. Ser aceito em uma universidade pública é o primeiro de muitos obstáculos para obter um diploma”, explicou a professora. Como perspectiva futura, Rodrigues propõe que, ao revisar os sistemas de cotas em 2022, “o momento deva ser encarado como uma oportunidade de reconhecer os avanços, identificar os desafios e apontar aspectos que podem ser aprimorados num novo ciclo de vigência da lei”.
Cenário na Uesb – Desde 2018, a Assessoria de Acesso, Permanência Estudantil e Ações Afirmativas (Aapa) vem dialogando com a comunidade acadêmica e a sociedade civil, por meio de seus representantes, para construir um ambiente mais amplo dentro dessas políticas. Por meio da Audiência Pública sobre Ações Afirmativas da Uesb, realizada em 2019, um conjunto de demandas foram levantadas dentro dos eixos de acesso e permanência estudantil, com o objetivo construir um espaço de diálogo, críticas e reflexões sobre as políticas de democratização de acesso e permanência no Ensino Superior.
De acordo com a professora Selma Matos, assessora de Acesso, Permanência Estudantil e Ações Afirmativas na Uesb, essa escuta foi valiosa no sentido de nortear muitas ações para a Assessoria e para a Pró-Reitoria de Graduação. “No que se refere ao acesso e à permanência, [a Audiência] apontou as diretrizes para Plano de Desenvolvimento Institucional e foi extremamente relevante, mas existem demandas que, para serem atendidas, precisam ser discutidas com a comunidade acadêmica e isso envolve alteração de resoluções”, apontou a gestora.
O Seminário realizou, ainda, Grupos de Trabalho abordando o acesso e a permanência de estudantes cotistas raciais, sociais, além de indígenas, quilombolas e pessoas com deficiência. O evento encerrou as discussões nesta quinta, 12, com uma apresentação da síntese das discussões feitas, em um momento coordenado pelo professor Reginaldo Pereira, pró-reitor de Graduação.
Os encontros podem ser acessados abaixo ou no canal UesbOficial no YouTube.