O físico e professor da Uesb, Roberto Claudino Ferreira, motivado por sua paixão pela astronomia, resolveu criar um telescópio amador. A ideia se transformou em projeto de pesquisa e envolve a participação de mais de 20 alunos e cinco professores. O propósito do grupo é expandir a observação astronômica – especialmente para estudantes da Educação Básica – e atrair pessoas da região para os projetos desenvolvidos no campus.
Segundo Ferreira, em 2017, após observar uma evasão incomum dos estudantes de Física da Universidade, pensou em formas de reverter esse quadro: “chegamos a uma turma com 90% de desistência ainda no segundo semestre, foi então que eu propus aos alunos um projeto em que eles pudessem aplicar, na prática, seus conhecimentos, nasceu o telescópio amador”. Os resultados foram animadores. Além de discentes envolvidos na pesquisa e permanecendo no curso, o projeto se estendeu e alcançou cursos de Engenharia e Química. Até o momento, foram 22 trabalhos apresentados, entre pôsteres e apresentações orais.
Sobre o telescópio – o desafio de criar um telescópio amador era estar de acordo com os objetivos da pesquisa, que são: ser uma alternativa ao modelo clássico, servir de protótipo para estudar ciência, ser fácil de transportar e, o principal, ter custo baixo. Para isso, foram pensados em usar materiais habituais do dia-a-dia. Madeira, tubos de pvc, cabos de vassoura, vidros, raios de bicicleta, entre outros fazem parte da matéria-prima utilizada pelo projeto. A estimativa é que o telescópio amador custe em média 200 reais, enquanto o tradicional, com as mesmas características, pode chegar a 4 mil reais.
A funcionalidade de um telescópio é observar astros e galáxias fora da Terra e estudar a espectroscopia, ou seja, fenômenos espaciais que nossos olhos não conseguem captar. De acordo com Ferreira, com o telescópio, os estudantes podem estudar astronomia para além daquela percepção apenas vista na internet ou na TV. Além disso, o professor defende que a proposta do projeto é que os currículos escolares insiram a astrofísica, pois isso auxilia a desmitificar que o estudo do espaço é apenas para quem possui predisposição intelectual acima da maioria.
O professor ainda explica que, ao olhar para o espaço, se pode aprender sobre a vida no sistema solar. Júpiter, por exemplo, funciona como uma espécie de escudo para que asteroides e outros elementos não alcancem a Terra. Esse tipo de conteúdo, por exemplo, é algo que pode ser mais explorado nas escolas e não está nos livros didáticos. O projeto definitivo do telescópio amador ainda está em fase de finalização. A próxima etapa de execução é leva-lo às escolas.