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O encontro reuniu quilombolas, representantes de associações da agricultura familiar e gestores municipais do Médio Sudoeste baiano
Estabelecer pontes entre a comunidade e a Universidade foi um dos objetivos do 2º Encontro Regional de Quilombos e Associações de Agricultura. O evento aconteceu no campus de Itapetinga, nos dias 27 e 28 de setembro, e buscou integrar saberes populares e conhecimento acadêmico.
A atividade faz parte do programa de extensão “Conexão Quilombos: identidade, memória, cultura e geração de renda”. O encontro reuniu quilombolas, agricultores familiares, representantes de associações, gestores públicos, professores, estudantes e pesquisadores do território do Médio Sudoeste baiano.
Para o professor Luciano Lima, coordenador do programa, o encontro tem papel central ao dar visibilidade às comunidades quilombolas e às associações de agricultura familiar. Segundo ele, a Universidade contribui tanto com a captação de recursos por meio de editais quanto com a capacitação técnica e profissional dos agricultores. “Mais do que gerar renda, o projeto busca resgatar memórias, ancestralidade e identidade, fortalecendo o vínculo entre comunidade e instituição”, destacou.

Durante o evento, foram realizadas oficinas e cursos, entre eles o de meliponicultora
A Comunidade Quilombola de Thiagos, em Ribeirão do Largo, é um exemplo dos avanços alcançados a partir dessa aproximação. Hoje, as 48 famílias trabalham principalmente com hortaliças e avicultura, além de milho, feijão e mandioca. Recentemente, iniciaram a apicultura com o apoio do projeto de extensão “Zum Zum Produtivo”, coordenado pelo professor Adailton Ferreira, do Departamento de Tecnologia Rural e Animal (DTRA).
De acordo com Alexandro da Silva Lima, um dos coordenadores do quilombo, o acompanhamento técnico melhora a qualidade e a renda obtida com a produção. Ele ressaltou ainda a importância do curso de incubação, ministrado durante o encontro pelo professor Ronaldo Vasconcelos, do curso de Zootecnia. Para Alexandro, a formação ajuda a aprimorar práticas tradicionais e ampliar a produtividade. “À medida que recebemos acompanhamento técnico, conseguimos melhorar a renda. Trabalhamos com hortaliças, aves e apicultura, e cada área exige uma formação específica, o que agrega valor ao produto”, comentou.
Segundo o professor Ronaldo, a avicultura é uma atividade tradicional na agricultura familiar, mas ainda pouco técnica. Nesse contexto, o curso buscou orientar sobre reprodução, seleção de ovos e cuidados com os pintinhos, aliando teoria e prática. “A ideia é que percebam ajustes simples que podem melhorar a produtividade, sem se afastar da experiência que já possuem”, explicou.

Também foi oferecido o curso de incubação de ovos, voltado à avicultura, prática tradicional no Brasil
A Associação dos Pequenos Produtores da Serra Pelada de Caatiba, que reúne cerca de 50 famílias, também participou do encontro. Os agricultores cultivam principalmente cacau e buscam expandir a comercialização de derivados. Para a presidente da entidade, Sirlene Roldão, a principal motivação foi o curso sobre rotulagem de alimentos. Segundo ela, o conhecimento é essencial para valorizar os produtos. “O que atraiu a gente foi o curso de rotulagem, porque já trabalhamos com derivados e queremos avançar na parte de embalagens. Conseguimos ser contemplados em um edital de agroindústria e esse aprendizado vai contribuir muito”, afirmou.
Na avaliação da pró-reitora de Extensão e Assuntos Comunitários, Gleide Magali Lemos Pinheiro, o encontro reforça o papel social da universidade pública ao promover trocas entre saberes acadêmicos e populares. Ela destacou que a experiência abre caminho para novas iniciativas. “A partir daqui podemos implementar outras ações extensionistas, levando conhecimento e tecnologias para a comunidade e ampliando nossa capacidade de atender diretamente às suas necessidades”, concluiu.