Da escola pública na periferia à professora universitária. Da iniciação científica na graduação ao curso de pós-doutorado. De estudante à colaboradora internacional de estudos sobre a Via Láctea. Essa é a trajetória de Eliade Ferreira, licenciada em Física na Uesb em 2006. Ela é um dos exemplos de pessoas que conseguem fazer parte de um seleto grupo de profissionais: os doutores.
Pesquisadora em Astrofísica Estelar e professora da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), no Rio Grande do Sul, Eliade relata que iniciou sua jornada como pesquisadora ainda na graduação na Uesb. Na época, a então estudante era voluntária em grupos de pesquisa voltados para a confecção de equipamentos e materiais de observação do céu, como os relógios solares. “A minha motivação para seguir na área veio de projetos realizados na Uesb com meus professores do curso de Física”, relembra.
Com o Doutorado em Ciências, na área de Astrofísica, realizado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em 2013, a professora realiza, atualmente, pesquisas com aglomerados estelares, que são as estrelas recém-nascidas. Seus estudos buscam compreender como se dá o nascimento das estrelas e a formação das galáxias, como a Via Láctea, por exemplo. “A astrofísica é uma das formas de tentar responder questões que estão em aberto, tanto do surgimento e evolução da nossa galáxia, como da evolução química. Ou seja, são respostas que tangem mais um todo e, na minha área, são pesquisas com as estrelas recém-nascidas”, explica.
A pesquisadora reforça que, na prática, a astrofísica traz outras colaborações para a sociedade. Um dos exemplos que ela cita é a criação de equipamentos como as câmeras fotográficas, originadas de telescópios. Além da pesquisa, a ex-aluna da Uesb atua na divulgação da Astronomia para a comunidade, no combate ao assédio sexual no ambiente acadêmico e colabora com outras instituições de pesquisa, como o Vista Variables in the Via Lactea Sourvey (VVV) – que consiste na utilização, por pesquisadores de todo o mundo, de um telescópio localizado no Chile para observar as estrelas.
Para Eliade, a Uesb cumpre o seu papel enquanto universidade pública: o de possibilitar mudanças significativas na vida das pessoas, sobretudo aquelas que vêm de um universo sem muitas perspectivas para a carreira acadêmica. “A Universidade me forneceu novos caminhos dentro da ciência. Foi dentro da Universidade que aprendi o que são projetos de pesquisa e extensão, o que são ações sociais, e tudo isso dentro de programas promovidos pela Instituição. A palavra que mais traduz a Uesb para mim é: transformação”, declara.
O enfermeiro Adilson Ribeiro também trilhou o caminho da pesquisa, chegando ao doutorado. Após se formar no curso de Enfermagem na Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC), em 2011, ele ingressou na Pós-Graduação em Enfermagem e Saúde da Uesb, com área de concentração em Saúde Pública, para fazer o curso de Mestrado. Em seguida, deu sequência às suas pesquisas no Doutorado, concluído em 2019.
“A escolha [pela pós-graduação da Uesb] e a minha inclinação para a Saúde Pública se dá por acreditar no Sistema Único de Saúde (SUS), ou seja, no Estado garantindo direitos à população”, afirma Adilson. Ainda na pós-graduação, ele teve a oportunidade de colocar em prática os conhecimentos adquiridos na academia ao trabalhar em funções relacionadas à gestão pública municipal. “No Mestrado e no Doutorado, pesquisei nas linhas de Educação em Saúde Política e Planejamento, respectivamente. Foram esses conhecimentos que possibilitaram uma maturação para atuação no serviço público”, completa.
Atualmente, Adilson atua como assessor técnico do município de Itajuípe e como apoiador institucional do Conselho Estadual de Secretários Municipais da Bahia (COSEMS), que é uma rede colaborativa do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS). Além disso, ele exerce a função de analista de Tutoria da Atenção Ambulatorial Especializada no projeto PlanificaSUS, coordenado pelo Hospital Albert Einstein, em parceria com o Ministério da Saúde.
Com toda a bagagem construída durante os anos de pesquisa na Uesb, o enfermeiro destaca que o processo de formação dos cursos de pós-graduação o auxilia na sua prática profissional, não somente pela formação específica em Saúde Pública, mas também por “facilitar o processo de entendimento do Sistema de Saúde e, também, realizar abordagens mais seguras com as questões que são inerentes ao processo de trabalho no SUS”, explica.
Com alegria, Adilson destaca a relevância da Uesb para a sua vida: “posso dizer que, literalmente, [a Universidade] potencializou a minha atuação como profissional e como um ser social”. Nesse sentido, ele reforça a importância da universidade pública. “Precisamos criar um discurso de defesa real das instituições públicas, porque elas, historicamente, sustentaram e sustentam boa parte das necessidades da população brasileira”, pontua.