A concessão de bolsas de pesquisa é um dos principais incentivos dado por Instituições de Ensino Superior a estudantes de graduação e pós-graduação para estimular a pesquisa científica em diferentes áreas. Em 1993, a Uesb implantou o Programa de Iniciação Científica (Pibic) com bolsas próprias. Neste ano, a Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PPG) anuncia o dobro de investimentos, com recursos próprios da Instituição, em bolsa de Iniciação Científica.
Com a notícia, as bolsas do Pibic financiadas pela própria Universidade foram ampliadas de 75 para 150 bolsas. “Até então, o Pibic da Uesb contava com 150 bolsas da Fapesb, 101 do CNPq e 75 da Uesb, quantitativo já vinha há um bom tempo, totalizando 326 bolsas. Com o incremento de mais 75 bolsas, a PPG alcança 401 bolsas, o que significa um aumento de 23%”, explica o professor Robério Rodrigues, pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação e atual vice-presidente do Fórum Nacional de Pró-Reitores de Pesquisa e Pós-Graduação.
Esse aumento na distribuição de bolsas é importante para a valorização da ciência e, também, para estimular novos alunos a se interessar pela carreira de pesquisador. “O nosso público-alvo de formação gira em torno de 8 mil alunos de graduação e 2 mil alunos de pós-graduação (stricto e lato sensu). Toda vez que nós fomentamos a participação de discentes nos projetos de pesquisa, a Instituição se fortalece por esse apoio, que vai refletir, na verdade, numa melhoria no nível de formação, no caso da Iniciação Científica, dos alunos de graduação”, esclarece o pró-reitor.
Ainda segundo o gestor, há uma preocupação da atual administração da Universidade com a ampliação e valorização da pesquisa acadêmica. “O número é excelente. A gente demorou uma história de vida da Iniciação Científica da Uesb para chegar até 75 e, de um ano para outro, a gente dobra o número de bolsas. É uma questão de priorização que é feita na gestão para aportar mais 360 mil reais em bolsa de Iniciação Cientifica, mesmo com um orçamento escasso”, completa.
Retorno para a sociedade – Quem também ganha com a ampliação das bolsas é a sociedade que passa a contar com temáticas que se aproximam cada vez mais da realidade em que os estudantes estão inseridos. A todo instante, pesquisas das mais variadas áreas estão sendo produzidas nos três campi da Uesb. Docentes e discentes se dedicam a estudar sobre a vida das pessoas e de outras culturas, meio ambiente, surgimento de novas espécies animais, controle de pragas, estudo do comportamento social e mental e muitos outros assuntos.
As pesquisas desenvolvidas retornam para a sociedade nas mais diferentes formas, como no atendimento às pessoas (Foto: Acervo do Saber Down)
Integrante do grupo de pesquisa interdisciplinar “Núcleo Saber Down”, a estudante do curso de Medicina, Carla Mirela Brito, diz que “é através das pesquisas que expandimos o conhecimento, mudamos nossas convicções e paradigmas, crenças sobre a vida, a sociedade e sobre a própria ciência. Pesquisar é contribuir para o desenvolvimento da sociedade”.
O Núcleo conta também com a participação de professores e estudantes de Letras, Jornalismo, Fonoaudiologia e outras áreas. Para Carla, isso demonstra o compromisso da Universidade em produzir e divulgar conhecimento das mais diferentes formas. “A vasta produção científica da Uesb se deve a professores que tem um compromisso que vai muito além da carga horária e muito além da sala de aula”, pontua.
Carla Mirela Brito integra o Núcleo Saber Down como bolsista de Iniciação Científica (Foto: Acervo Pessoal)
Para o estudante Vinícius Viana Busatto, do curso de Letras Modernas, a bolsa contribui para sua permanência na universidade, o que significa um importante incentivo, especialmente no contexto de pandemia. Ele também destaca a relevância que a Iniciação Científica tem para o aperfeiçoamento da sua preparação enquanto professor-pesquisador em formação inicial. “Com as minhas pesquisas sobre os gêneros discursivos, sou capaz de trazer o conhecimento adquirido na Iniciação Científica para a sala de aula, para a comunidade escolar e, a partir disso, construir materiais autênticos e críticos”, reforça.
Valorização e Investimentos na Ciência – Diante de um cenário de negacionismo da ciência e ausência de investimentos, valorizar o papel do pesquisador é fundamental para mudar o contexto atual e ampliar as oportunidades para que estudantes vislumbrem, antes mesmo da vida acadêmica, o desejo de iniciar os estudos científicos.
Além das bolsas mencionadas, o Programa de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic) da Uesb ainda vai receber um incremento de 250 mil reais em bolsas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb), por meio do Edital 035/2020. Conforme informações da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PPG), a expectativa é divulgar o resultado da seleção até o final do ano.
“Até 2014, havia investimento da ordem de 13 a 14 bilhões de reais nas três principais agências de fomento do país (CNPq, Finep e Capes). Hoje, temos em torno de 6 a 7 bilhões. Ou seja, caiu pela metade”, contextualiza o pró-reitor. “Em um momento que o retrato do investimento e da priorização que o país dá ao fomento à pesquisa é esse, uma instituição pequena como a Uesb alocar orçamento para dobrar seu investimento no pagamento em bolsa é muito significativo, tanto do ponto de vista da capacidade formativa quanto do ponto de vista do próprio benefício que essa bolsa tem na vida e na manutenção de alunos, que estão muitas vezes em condição de vulnerabilidade socioeconômica para sua manutenção na instituição”, finaliza.
Quando uma instituição como a Uesb dobra o quantitativo de bolsas, ela promove inclusão, reconhece a importância da ciência e reafirma seu compromisso com a educação e qualificação profissional. E nada é mais significativo que ter o reconhecimento dos próprios alunos, como do discente Vinícius Viana Busatto: “por acreditar no poder da educação e na difusão da produção científica, avalio o trabalho da Uesb como elementar (e exemplar) nesse sentido. Sou grato à Instituição, aos profissionais envolvidos e a todos que fazem isso acontecer”.