Brincar não é apenas diversão, vai muito além. A brincadeira é uma forma de estimular cognitivamente as crianças, também contribui para fomentar a criatividade e socialização. Ademais, constitui um recurso pedagógico excelente no processo de ensino-aprendizagem.
Dessa maneira, pensando no papel de uma ludoteca dentro de uma instituição de ensino superior e as suas potencialidades, a professora Ennia Débora Pires, vinculada ao Departamento de Ciências Humanas Educação e Linguagem (Dchel), idealizou e desenvolve, há 20 anos, o Programa de Extensão “Ludoteca: um espaço de práticas interdisciplinares em educação”, no campus da Uesb, em Itapetinga.
A Ludoteca na Uesb foi criada em 2003, pouco tempo após o início do curso de Pedagogia no campus de Itapetinga. De acordo com a professora Ennia, o início do programa foi marcado por muitos desafios como adquirir espaço, brinquedos, e oferecer formação para os colaboradores.
“Os desafios não foram vencidos de imediato. São 20 anos de caminhada e, ao longo desse período, nós contamos com a colaboração de muitos colegas, alunos do curso e da parceria com a Secretaria de Educação do município”, relembra Ennia.
A Ludoteca fica localizada no Laboratório de Ludopedagogia, onde são recebidas crianças, bem como grupos escolares e professores da educação infantil e dos anos iniciais do ensino fundamental. Além disso, a Ludoteca se constitui como um espaço de Ensino, Pesquisa e Extensão para os estudantes de pedagogia da Universidade.
“A gente tem a certeza de que a Ludoteca vem exercendo um papel muito importante, despertando o nosso discente para a importância de uma formação lúdica, trazendo alegria para a sala de aula, fazendo dela um espaço onde a criança também sinta prazer de estar. Então, a gente acaba desenvolvendo atividades que se configuram no tripé da Universidade: ensino, pesquisa e extensão”, explica a professora Ennia.
Assim, a Ludoteca oferece aos alunos oportunidades de explorar novas abordagens e ferramentas para uma educação lúdica, afetiva e transformadora, promovendo um olhar mais sensível e atento para com as crianças. Isso impacta significativamente a prática pedagógica dos futuros profissionais que participam desse Programa.
Yandra Brandão, egressa do curso de Pedagogia, é exemplo disso. Durante a graduação ela teve a oportunidade de ser estagiária, voluntária e bolsista na Ludoteca. “Minha experiência na Ludoteca influenciou diretamente na minha formação e ainda hoje na minha prática docente, enquanto professora de educação infantil”, comenta Yandra.
A educadora acrescenta que na Ludoteca foi apresentada e inserida num universo lúdico educativo, onde teve acesso a materiais, leituras, eventos e um acervo riquíssimo de jogos, brinquedos e brincadeiras. “Foi onde aprendi um pouco sobre a importância da ludicidade não com fim pedagógico, mas como algo intrínseco ao ser humano, que o auxilia no seu desenvolvimento de uma forma integral”, completa.
Carmelita de Jesus, estudante do sétimo semestre do curso de Pedagogia, conheceu a Ludoteca por meio da disciplina de Didática no quarto semestre. Logo em seguida, surgiu a oportunidade de ser bolsista de extensão do Programa. Desde então, a experiência tem sido transformadora.
“Está sendo de grande relevância como profissional da educação e também na minha vida pessoal. Aprendi que através do brincar a criança aprende. A minha experiência pessoal foi ter perdido a timidez. Eu era extremamente tímida para falar em público”, relata Carmelita.
Além disso, a estudante frisa que ser bolsita da Ludoteca tem possibilitado voltar à infância. “A Ludoteca é um espaço lúdico que me proporcionou a volta a minha infância aos 44 anos. É um lugar que aprendermos a construir brinquedos, contar história e viajamos no mundo da imaginação das crianças que frequentam lá”, conclui Carmelita.