Com o recente rompimento da barragem de rejeitos de minério na cidade Brumadinho, em Minas Gerais, discutir o assunto da mineração e da segurança de barragens se tornou ainda mais emergente. Por isso, o Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais da Uesb promoveu um Encontro Interdisciplinar para tratar da temática com especialistas e autoridades do assunto na Bahia.
Segundo a promotora regional de Meio Ambiente do Ministério Público do Estado da Bahia, Karina Cherubini, a população baiana não precisa estar preocupada com o rompimento de barragens no estado até o momento. “Na Bahia, nós temos dez barragens em situação de risco de vulnerabilidade – nenhuma na região Sudoeste da Bahia. Mas essa situação se refere a uma deficiência de estrutura que pode ser revertida sem maiores dificuldades, basta apenas o investimento para manutenção dessas barragens”, explicou.
A promotora destacou ainda os dados divulgados pela Agência Nacional de Águas em 2018, que aponta uma grande adesão da Bahia no cadastro de barragens do país: “a Bahia cadastrou mais barragens que outros estados. No momento que ela faz o seu dever de casa e aponta que existem as barragens cadastradas e suas falhas, é claro que vai ter mais números que outros estados que não cadastraram e pode estar em situação de maior perigo”.
Na região Sudoeste, o Ministério Público Estadual acompanha a situação das barragens de Água Fria 1, Água Fria 2, Serra Preta e do Rio Catolé desde 2015, sendo responsabilidade do Ministério Público Federal esse processo de fiscalização das barragens de mineração.
Abordagem científica – A proposta do Encontro foi justamente debater esses dados e as informações divulgadas pela mídia, no intuito de chegar a um diagnóstico baseado em análises mais técnicas e científicas. “Podemos nos apegar necessariamente à produção midiática e ao frenesi das informações. Mas podemos apostar em uma postura crítica, como estamos fazendo, ao convidar agentes sociais que estejam atuando junto à problemática para poder nos fornecer um conjunto de percepções e análise de dados”, argumentou o professor Luiz Artur Cestarini, coordenador do evento.
Com a proposta de abordar um tema que emerge na sociedade – um dos objetivos desses encontros –, o evento promoveu duas mesas com focos que se complementaram: a primeira, sobre os impactos sociais; e a segunda trazendo questões mais técnicas sobre o assunto.
Instituto Nossa Ilhéus – Entre os agentes sociais convidados para o debate, esteve presente a presidente da ONG Instituto Nossa Ilhéus, Maria do Socorro Mendonça, que vem atuando no fortalecimento da cidadania e da democracia participativa por meio de temáticas que envolvam as cidades.
Para ela, o trabalho de mobilização social deve estar atrelado ao de formação educacional. Além disso, é preciso intensificar uma política de conexão de movimentos capaz de fortalecer a rede de atuação nesse âmbito. “Atuamos em três eixos: a educação para cidadania, o monitoramento social e o impacto em política pública. Então, se você está formado, se você monitora, naturalmente, você vai impactar na política pública, vai fazer com que ela seja melhor para atender a todos”.
O Encontro recebeu ainda representantes da Secretaria de Meio Ambiente do Estado da Bahia (Sema), da Promotoria de Justiça de Barra do Choça, do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia (Crea-BA) e do corpo docente do Instituto Federal da Bahia (Ifba).