A inclusão é um conceito, cada vez mais, relevante e necessário em diversas áreas da sociedade. Abrange a ideia de proporcionar igualdade de oportunidades entre os sujeitos e tratamento justo para todas as pessoas, independentemente de suas características, crenças, costumes ou diferenças individuais.
Na Uesb, a inclusão vem sendo aplicada em uma série de ações do ensino, da pesquisa e da extensão. Assim, muito além de programas, projetos e atividades, todas as pessoas que formam a Instituição vêm sendo peça-chave para que a diversidade se torne parte da Uesb e da vida social, contribuindo para estabelecer a equidade e a pluralidade.
A história de Geisa de Fátima Barros e sua filha Raiane Letícia Barros é um dos muitos exemplos de que o processo de inclusão deve ser diário e em todas as esferas. Geisa conta que é mãe de três filhos e que soube que Raiane, hoje com 18 anos, tinha Síndrome de Down na hora do parto. “Tive uma gravidez tranquila. Só soube naquele momento. Graças a Deus, a gente tomou as rédeas da situação. Fizemos todo o possível para ela ter um desenvolvimento pleno. Procuramos o que foi preciso”, explica.
Além disso, ela destaca como fundamental a forma que escolheu lidar com o processo de criação da filha. “A primeira coisa que eu aboli dentro da minha casa foi o preconceito. Não deixei ninguém ter preconceito com ela. Quem tivesse preconceito, que não aceitasse minha filha do jeito que ela era, não frequentava minha casa”, revela.
Ao longo desse percurso, Letícia tem participado do “Fala Down”, projeto desenvolvido na Uesb desde 2011. “Ela entrou exatamente no período de alfabetização. Ela já falava bem, mas, depois do projeto, melhorou bastante a questão da linguagem e do desempenho. É um trabalho muito sério, com dedicação e amor. É um grupo espetacular, que transforma vidas e torna a rotina de quem participa com muito mais acesso”, avalia.
Coordenado pela professora Carla Ghirello-Pires, o Grupo de Pesquisa “Fala Down” é desenvolvido desde 2011, fazendo o acompanhamento de linguagem na área de Neurolinguística e Teoria Histórico-Cultural de bebês, crianças e jovens. Hoje, são atendidas cerca de 30 pessoas, entre bebês de dois meses e crianças de 4 anos. “Estamos fazendo o acompanhamento sistemático do balbucio da primeira palavra significativa e primeiras fases. Temos conseguido marcos bastante próximos das crianças típicas. Também temos algumas crianças em nível pré-escolar e escolar. Para os jovens, há várias atividades, desde ir a shows, pizzaria, entre outros. São ações para que eles possam estar inseridos socialmente”, revela.
Atendimentos individuais, em grupos e aulas de música integram as atividades do projeto. A iniciativa atende as cidades de Vitória da Conquista, Iguaí, Caraíbas, Itambé, Itapetinga, Poções, Nova Canaã, Paramirim, Belo Campo e Barra do Choça.
Outro projeto da Uesb que tem como foco a inclusão é o “Idoso Digital”. De acordo com Valéria Argôlo, coordenadora do projeto, a ação extensionista tem o objetivo principal de incluir, digitalmente, pessoas idosas alfabetizadas e/ou semialfabetizadas cadastradas no Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Extensão em Cuidados à Saúde da Família em Convibilidade com Doenças Crônicas (Niefam) e que possuam smartphone. Assim, é possível viabilizar, a esse público, o acesso às oportunidades e recursos oferecidos pela tecnologia.
Desde 2013, mais de 150 idosos foram atendidos pelo projeto, em Jequié. Segundo Valéria, a atividade desempenha um papel significativa tanto na inclusão digital como no desenvolvimento da autonomia e confiança do idoso no uso de dispositivos e recursos digitais. “Isso ajuda a combater o isolamento social, um problema comum em idosos, além de possibilitar o estímulo mental, pois o uso de dispositivos e aplicativos digitais pode ser uma forma de manter a mente ativa e saudável”, avalia.
Além das aulas presenciais sobre o uso de smartphone e aplicativos, videoaulas, dicas e informações sobre tecnologia são disponibilizadas nas plataformas do projeto no Instagram e no YouTube. Iraildes Oliveira, aluna do projeto, é só elogios à iniciativa. “Aprendi quase tudo que sei fazer hoje com um celular. Para mim, esse projeto tem sido uma benção. Me sentia deslocada, e até um tanto envergonhada, pois trabalhava com a melhor idade na minha igreja e não sabia praticamente nada de tecnologia. Hoje já sei acessar Facebook, Instagram, Google, YouTube, WhatsApp e aplicativos de bancos. Posso dizer que o projeto fez uma grande transformação na minha vida. Consigo resolver praticamente tudo sem sair de casa”, comemora.
Ela ressalta que nem sempre há condições de pagar um curso particular. “Sou muito grata à equipe que dispensou, a todos os participantes, um atendimento respeitoso e totalmente inclusivo. Só gratidão por essa iniciativa de incluir a comunidade e, principalmente, as pessoas idosas e portadores de alguma dificuldade física e cognitiva”, revela.
Essa e outras reportagens estão disponíveis na 4ª Revista Uesb; baixe aqui