“As Políticas de Ações Afirmativas constituem as políticas públicas de mudança de estrutura porque elas asseguram a promoção da igualdade”. A declaração é do professor Ronaldo Crispim, da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). Ele foi um dos participantes da Audiência Pública sobre Ações Afirmativas, que aconteceu no campus de Vitória da Conquista, nestas terça e quarta, 20 e 21 de agosto.
Para o professor, as Políticas de Ações Afirmativas, que implementaram o Sistema de Reserva de Vagas nas universidades brasileiras, têm um impacto muito significativo na sociedade. Ele explicou que, por meio desse Sistema, muito negros e outras minorias conseguiram entrar em um curso de graduação, mas, mais do que isso, foi possível haver uma mudança na estrutura social.
O docente ainda destacou que as Políticas Afirmativas permitiram que os grupos minoritários conseguissem acelerar o processo de alcançar espaços que, ao longo dos anos, lhes foram negados. “Essas políticas, além de reconhecer o sujeito de direito, reconhece a história de grupos historicamente destituídos do espaço que lhes é de direito, que é o espaço público”, reforçou o professor Ronaldo.
A Audiência Pública – O evento, promovido pela Assessoria de Acesso, Permanência e Ações Afirmativas (Aapa) e pela Pró-Reitoria de Graduação (Prograd), foi pensado como elemento para construção de uma avaliação dos dez anos da implantação do Sistema de Reservas de Vagas na Instituição. Nesse sentido, a Audiência Pública foi o momento para escutar a comunidade acadêmica e os diversos grupos sociais, que são diretamente atendidos pela Política.
“O elemento fundamental para termos esse evento na Uesb é justamente o momento para que possamos parar um pouco e refletir sobre a Política. É o momento de reformulação. Só por isso já é fundamental porque, nesse momento, dialogamos não só com a comunidade universitária, mas, sobretudo, com a sociedade civil”, complementou o professor Silvânio da Conceição, um dos integrantes da organização da Audiência.
Dessa forma, para realização da Audiência, foi montado um Grupo de Trabalho (GT), envolvendo pesquisadores, discentes, representantes da gestão administrativa e de movimentos sociais. “Precisamos escutar para entender as reais demandas e compreender os pontos críticos, no intuito de aperfeiçoar a Política”, defendeu o professor Danilo Cesar Pinto, um dos integrantes do GT.
Dez anos de Cotas na Uesb – Na abertura do evento, o reitor da Universidade, professor Luiz Otávio de Magalhães, relembrou a importância da implantação do Programa de Ações Afirmativas e do Sistema de Reserva de vagas e cotas adicionais na Instituição. Segundo ele, com essas Políticas, houve a inclusão de segmentos sociais no ambiente acadêmico, permitindo que a realidade social desses grupos fossem refletidas em cada curso de graduação da Uesb.
Além disso, o reitor ressaltou que as Políticas de Ações Afirmativas contribuíram de forma significativa para o crescimento da Uesb. “O que podemos dizer, com absoluta segurança, é que, nesses dez anos de Políticas de Ações Afirmativas na Universidade, a Uesb somente se fortaleceu enquanto instituição promotora do conhecimento, da ciência e da tecnologia”, afirmou o reitor.