Entre 2015 e 2017, uma longa estiagem atingiu a região Sudoeste, inclusive, impactando as propriedades rurais de Itapetinga – responsável por 40% do rebanho da Bahia. Os resultados foram preocupantes: morte de bovinos, redução na produção de leite e na agricultura, além de demissões. Pensando em soluções preventivas e a longo prazo, docentes e alunos do curso de Zootecnia da Uesb, ao lado de equipes das Cooperativa Mista do Médio Rio Pardo (Coopardo) e Cooperativa dos Produtores de Leite (Cooleite), propuseram um estudo de avaliação e alternativas para a seca, que afeta frequentemente a região. No começo deste ano, a Uesb, representada pelo curso de Zootecnia, e as cooperativas firmaram uma cooperação técnica, na qual a universidade oferece o apoio especializado, enquanto as cooperativas fazem a intermediação com os produtores rurais.
A primeira atividade, após a junção, foi uma rodada de palestras em Itapetinga e nas cidades circunvizinhas, com o intuito de conscientizar os fazendeiros e mostrar alternativas para os períodos de estiagem. Segundo o professor Márcio Pedreira, do Departamento de Tecnologia Rural e Animal (DTRA), além de conversar com os produtores, era preciso fazer um diagnóstico da situação real das fazendas após a seca. “Realizamos uma análise da pastagem e chegamos a conclusão que 80% dos pastos havia morrido e seria necessário fazer a intervenção técnica”, afirma o docente. A atuação da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab) foi fundamental para realizar o diagnóstico da mortalidade do rebanho da região.
Ao todo, 15 fazendas estão sendo supervisionadas pelos estudantes de Zootecnia, sob a coordenação do colegiado do curso em parceria com as cooperativas. Murilo Cardoso, diretor comercial da Coopardo, explica que também houve a construção de um viveiro para obtenção de mudas com o objetivo de recuperar as nascentes. “Além das nascentes, estamos fazendo levantamento de dados da pecuária de leite e de corte”, diz Cardoso. Dessa forma, no acordo estabelecido, ficou acertado que a Coopardo fornece uma ajuda de custo aos discentes e um local apropriado para as pesquisas e, em contrapartida, docentes e alunos dão assistência técnica aos produtores rurais.
Como funciona o diagnóstico – Os pesquisadores da Uesb e os técnicos das cooperativas vão às fazendas e fazem diagnósticos das condições do local (observando as instalações, benfeitorias, pastagens etc). Após isso, é feito um relatório sobre a capacidade produtiva da propriedade e sobre as expectativas do produtor, especialmente na área de leite e corte. Pedreira explica que, a partir do desenvolvimento do perfil de produção dos animais, pode ser traçado um programa de melhoramento genético: “vacas menos produtivas – que não estão parindo ou que apresentam algum problema de saúde – podem ser reservadas. Também podemos sugerir a introdução de touros de melhor potencial genético ou a implantação de inseminação artificial”. A decisão é tomada em conjunto com o produtor e os colaboradores do projeto para que as medidas melhorem a qualidade de vida do produtor e dos trabalhadores rurais.
Moizeis Nery, também docente do DTRA, sinaliza que a parceria potencializa a economia local: “se o produtor aprende a melhorar sua capacidade produtiva, mesmo em períodos de estiagem, ele continua gerando emprego e movimentando o mercado agropecuário”. Os pesquisadores da Uesb, juntamente aos técnicos das cooperativas, pretendem expandir sua atuação, especialmente na detecção dos agentes causadores de doenças na pastagem e no manuseio de tratores.