Há cerca de oito anos, acontecia no campus da Uesb de Vitória da Conquista, o 1º Congresso Internacional de Línguas Indígenas na Bahia (C-Indy), que tinha como objetivo principal discutir a importância da matriz linguística indígena para a cultura brasileira. Naquela oportunidade, estavam presentes lideranças das comunidades Tupinambá da região de Olivença, localizada no sul da Bahia.
Durante o evento, essas lideranças pediram à comissão organizadora, da qual a professora Consuelo de Paiva Costa fazia parte, a colaboração de um linguista para ajudar as comunidades a retomarem a sua língua de origem, visto que seus membros tinham sido obrigados a abandoná-la. Daquele pedido, surgia a motivação que levou a docente a desenvolver o projeto de extensão “Tupinambá”.
O intuito do projeto é promover cursos de língua Tupi direcionados a professores e lideranças indígenas da região de Olivença para que eles possam atuar como multiplicadores desse conhecimento nas escolas de suas comunidades. As aulas ocorrem na sede das instituições de ensino, durante o período noturno, e são realizadas a partir de módulos que variam de quatro a sete dias.
Este ano, serão realizados, ao todo, quatro módulos, condensados em dois encontros. O primeiro deles aconteceu em maio e o próximo deve ocorrer em outubro, de acordo com a professora Consuelo, coordenadora do projeto. Junto a ela, atuam no “Tupinambá”, alunos de graduação, dos quais alguns são bolsistas de Iniciação Científica, além de colaboradores voluntários.
Segundo a coordenadora, o impacto do projeto tem sido muito positivo. As escolas, que antes mantinham apenas o ensino de Português, agora oferecem aulas de língua Tupi para os seus alunos, ministradas pelos professores participantes do “Tupinambá”. Já para a comunidade, o projeto tem conseqüências mais diretas na questão identitária. Um grupo de estudos online da língua Tupi também foi criado a partir do projeto e funciona como apoio ao curso presencial.
“Os resultados são amplos e animadores. A língua indígena retorna, através da escola, para o seu uso social na comunidade e, mais que isso, torna-se um elemento essencial na identidade indígena, o que colabora com o projeto maior da comunidade, de retomada cultural e fundiária”, avalia a professora Consuelo.