Dar suporte técnico aos produtores rurais de Moçambique foi umas das tarefas realizadas nos últimos quinze dias por representantes da Uesb. A missão, realizada entre os dias 23 de outubro e 6 de novembro, por meio do professor do Departamento de Engenharia Agrícola e Solos (Deas), Odair Lacerda, e o servidor da Unidade Organizacional de Informática (Uinfor), Jaquionias Ferraz, levou aos agentes extensionistas locais a possibilidade de auxiliar moradores rurais do Corredor de Nacala, região com a presença de 13 distritos do país, na produção de alimentos para a cultura de subsistência.
A ação é fruto de um projeto maior e nacional, o Programa de Cooperação Triangular para Desenvolvimento das Savanas Tropicais de Moçambique, o Prosavana, que tem como objetivo proporcionar um desenvolvimento de extensão na África por meio de um acordo entre o Brasil, através da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), com o Japão e a África, realizando transferências de tecnologia para esse público.
A ideia é realizar capacitações por meio de três vertentes, que são os modelos de extensão rural, agricultura de conservação, representadas por professores da Universidade Federal de Viçosa (UFV), e a geotecnologia aplicada, sendo esse último composto pelos representantes da Uesb.
A Uesb está inserida no projeto desde 2014, com a intervenção direta na produção, introduzindo adubação verde, plantio em curvas de nível, entre outras. Neste ano, o foco foi direcionado ao início da criação de um aplicativo com o objetivo de ser um banco de dados para obter as informações das intervenções que os agentes fazem em campo.
Por meio dos treinamentos, toda intervenção que os extencionistas fizerem no campo devem usar o GPS e coletar dados com coordenadas geográficas e essas coordenadas são lançadas no aplicativo do celular, o Sistema de Recolha e Análise de Dados na Extensão (Sirade), para que depois sejam visualizadas informações essenciais. “Os extensionistas sentiram essa fragilidade nas informações prestadas, então, estamos inserindo uma tecnologia que promoverá uma melhoria muito grande na tomada de decisões por meio de dados mais consistentes”, disse Jaquionias Ferraz.
Agricultura familiar – De acordo com o professor Odair, cerca de 95% dos produtores do projeto são da agricultura familiar. Como o período de produção de alimentos é muito curto, devido à falta de chuvas, esse suporte é voltado, inicialmente, para a colheita de subsistência e, caso tenha um excedente, ela pode ser comercializada.
A plataforma também prevê fazer um georeferenciamento dos locais onde está o mercado de insumo e o consumidor. “Se chegarem numa região em que há uma produção maior que o consumo, o aplicativo aponta onde existem mais consumidores para que o produtor possa ter onde escoar a produção, ou seja, ele também pode fazer uma intervenção na comercialização”, pontuou Lacerda.
Para o chefe de gabinete da Uesb, professor Wesley Piau, essa é uma das ações relacionadas ao fortalecimento da internacionalização da Universidade. “A Instituição tem muitos relacionamentos com países, tanto da América, quanto na Europa e África. Então, todo esse processo de cooperação, neste caso no Projeto Prosavana, é importante para consolidar o papel da Uesb, demonstrando que o conhecimento não possui fronteiras”, defendeu Piau.