“Meu desejo por histórias e eventos relacionados à poesia, a narrativas e a todas as formas de expressão humana não tem idade”. Foi assim que a professora aposentada Maria Afonsina Matos iniciou a entrevista. Na sua primeira infância, teve o primeiro contato com “causos”, cantigas, versos, recitais, teatrinho de quintal, revistas e enciclopédias, contados pelos parentes mais próximos, em especial avós e irmãos. Na década de 1990, com os filhos pequenos, ela retomou sua relação com a literatura. Essa conexão reverberou a prática da leitura na vida profissional, fazendo da literatura o objeto de trabalho.
Por 33 anos, Maria Afonsina atuou na Universidade como professora. Nesse período, foi coordenadora acadêmica do Centro de Estudos da Leitura e do Programa Estação da Leitura, situados no campus de Jequié. Durante sua passagem pela Instituição, o que mais marcou sua trajetória foram as atividades de ensino integradas à pesquisa e extensão.
Ao todo, estima-se que em torno de 30 mil pessoas, entre bolsistas, monitores, voluntários, pesquisados e participantes de eventos tenham sido beneficiadas, de alguma forma, pelos projetos inovadores no interior do Nordeste, sendo referência no país. “Era uma experiência ímpar ver meus alunos se verem como pesquisadores capazes de uma intervenção efetiva e afetiva no seu entorno”, comenta.
Contribuição com a agricultura familiar – Essa experiência extensionista também marca a trajetória da servidora Generosa Ribeiro, coordenadora da Casa do Mel. Na infância, ela deu início a seu intenso contato com as abelhas, construindo uma vida costurada entre a sabedoria popular e a ciência. “Caçadora de insetos” era o apelido dado pelos primos. Acostumada a acompanhar o avô no manejo das abelhas “mansas”, conhecidas como abelha sem ferrão, Generosa não teve dúvidas quanto à escolha da profissão.
Com duas graduações, licenciatura em Ciências e Biologia, e um Doutorado, Generosa presta serviços com projetos extensionistas voltados para os agricultores familiares na criação racional de abelhas sem ferrão. “Tenho uma enorme satisfação de ter nascido na roça e ter a formação que tenho, realizando esse trabalho”, enfatiza.
Além de atuar pela Universidade há 15 anos, com os projetos na Casa do Mel, a servidora também tem a própria criação de abelhas, produzindo mel e outros produtos, como panos ecológicos de cera utilizados para substituir o plástico. Ela também oferece cursos de extensão em outras regiões, realiza perícias para o Ministério Público da Bahia e, recentemente, contribuiu com a criação do projeto de Lei nº 13.905, que busca legalizar a criação de abelhas sem ferrão na Bahia.
Quando questionada sobre o maior ganho que possui na sua vida profissional, Generosa enfatiza: “ver que o produtor rural tem novos horizontes, são pessoas sofridas e, então, contribuir com a melhoria de qualidade da vida deles é uma satisfação pessoal que nenhum dinheiro paga”.
Professora Letícia Fernandes, à esquerda da foto
Agroecologia na região – Quando se fala nessa relação da vida profissional e pessoal, Letícia Fernandes, a coordenadora do Sete Cascas, sente-se orgulhosa pelo que vem contribuindo com a Uesb. Sua relação com a Instituição começou quando tinha sete anos. Com a presença da Universidade no mesmo bairro que residia, passou a frequentar a Sala de Leitura do Programa Nacional de Incentivo à Leitura (Proler). “Local este que me despertou o amor pela leitura e expandindo os horizontes do meu conhecimento”, comenta.
Seu interesse pelo desenvolvimento sustentável foi construído desde sempre. Fez o curso técnico agropecuário e, em seguida, construiu uma carreira pautada junto ao seu “próprio entendimento sobre o mundo”. Antes de atuar na Uesb como professora, Letícia já vinha contribuindo com o projeto Sete Cascas, por meio do plantio agroecológico com os alunos. “Ver esse movimento dos estudantes plantando o primeiro sistema agroecológico na Uesb, em Itapetinga, realmente é uma revolução, pois, até então, vinha sendo feito por outra vertente. E ver mais ainda esse modelo direcionado para uma produção economicamente viável, ambientalmente sustentável e socialmente justa prosperar é muito gratificante”, afirma
Na linha do tempo, o projeto já atendeu em torno de 1.500 pessoas, desde participação em feiras e cursos ministrados para a comunidade. “A inserção dos conceitos de agroecologia aqui na região é algo inédito e um trabalho que estamos fazendo é um modelo direcionado para a subsistência para a produção de alimentos”, pontua.
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