Com a conferência “Funcionalismo e gramática de construções: interfaces, limites e desafios”, teve início, na manhã desta segunda, 23, o 3º Seminário de Variação e Mudança Linguística no Sudoeste da Bahia (Sevaling), no campus de Vitória da Conquista. O evento é organizado pelo Grupo Janus, com o apoio da Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários (Proex), do Programa de Pós-Graduação em Linguística e do Mestrado Profissional em Letras.
A professora Mariângela Oliveira, da Universidade Federal Fluminense (UFF), foi a responsável em conduzir as discussões iniciais do evento, e declarou que falar sobre variação e mudança linguística deve ser um ato muito valorizado, pois é uma forma de combater o preconceito. Não apenas o linguístico, mas também o social, já que “a variação é estudada cientificamente e mostra que nos traços constitutivos de todas as línguas, as variedades são legítimas. É claro, para efeito de ensino e de norma culta existem as preferências, existem aquelas que são mais legitimadas e que são socialmente mais aceitas, mas, teoricamente, todo uso é efetivo, verdadeiro, legítimo e cumpre o seu papel, que é comunicar”.
A docente continuou afirmando que “é fundamental nós estudarmos a variação de um ponto de vista científico, porque ela existe em todas as línguas, não é um traço constitutivo do português ou do português do Brasil. Todas as línguas têm variação e essa variabilidade mostra as diferenças sociais, educacionais, de gênero e de escolaridade das pessoas”.
O respeito às diferenças está presente não só nos discursos, mas também na organização do evento, que teve todo o espaço decorado com fuxicos e cactos. Em todas as edições do Sevaling os fuxicos são uma presença marcante. “A gente fala que fuxico é essa rede de cores que são entrelaçadas. Dessa vez, nós também trouxemos o cacto, como essa forma de apresentar para a gente duas lições. Uma é essa lição da diversidade, cada um com o seu tamanho, beleza, cor e textura. Então é diferente, mas essa diferença, assim como a diferença na língua, não diminui, ela diversifica e mostra a beleza do que nós somos. A outra lição do cacto é, sem dúvida, a resistência”, explicou a professora Valéria Viana, coordenadora do evento.
Desde a primeira edição do Sevaling, as discussões giram em torno da Sociolinguísta, do Funcionalismo, Sociofuncionalismo, Linguística Histórica e Tradição Discursiva. Neste ano, o tema é “Gramática de construções”, ou seja, a compreensão da língua enquanto uma rede de construções, um tema ainda recente nos estudos linguísticos.
Na plateia, estavam presentes pesquisadores, professores, alunos de graduação e pós-graduação. Entre eles, estava Gabriel Oliveira Monteiro, aluno do 5º semestre do curso de Letras Modernas, que vê no evento a oportunidade de mostrar para a comunidade as várias possibilidades de estudos dentro da área da Linguística. O discente considerou que esse é “um estudo inovador, ele vem avançando em grandes universidades do Brasil”. A professora Mariângela Rios referendou essa informação, quando afirmou que está “trazendo as mais recentes discussões que estão acontecendo em nível de Brasil e até internacional sobre gramática do português, construções da língua portuguesa e como trabalhamos a questão da variabilidade linguística dentro dessa nova perspectiva”.
O professor Luiz Otávio, reitor da Uesb, considerou que a realização do evento é a consolidação de um trabalho que é feito cotidianamente pelos envolvidos. De acordo com o gestor, professores, estudantes e funcionários têm demonstrado uma grande vontade de propiciar espaços de conhecimento e discussão. “Essa vontade é muito maior do que todas as dificuldades e, assim, a Uesb continua com um calendário muito forte de eventos acadêmicos nas mais diferentes áreas. O que para a gente é motivo de muita satisfação”, declarou.