E quando seu hobby de infância vira uma impressionante coleção? Foi assim com Ferdinand Willi Flick. Vivendo em Vitória da Conquista, o técnico em refrigeração dedicou mais de 50 anos da sua vida ao cinema e construiu uma coleção com diversos itens da sétima arte, chamada de “Coleção Preciosa”.
É com esse mesmo título que Rayssa Coelho e Filipe Gama apresentam essa história em um curta-metragem. Lançado em 2021, o filme é uma das obras cinematográficas escolhidas para o Vestibular Uesb 2026. Memória, afeto e cinema constroem juntos essa narrativa.
Para discutir melhor o filme, o projeto “Cinema: Eis a Questão” convidou um time de profissionais que traz análises da obra, sob diversas perspectivas. São eles: Elton Quadro e Milene Gusmão, professores da Uesb; Raul Ribeiro, egresso do curso de Cinema e Audiovisual da Uesb; e Rosália Duarte, professora do Programa de Pós-Graduação em Memória: Linguagem e Sociedade e da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS).
A coleção trabalhada no filme reune materiais de cinema antes da era da digitalização, como recortes das películas de projeção, cartazes dos filmes, panfletos dos cinemas de rua, recortes de matérias de jornais, entre outros. Diante desse acervo tão precioso, Elton Quadros questiona: “Nesses nossos tempos, em que tudo parece visar monetização, desempenho e sucesso (ou seriam likes?), o trabalho silencioso e constante de um colecionador o coloca na condição de uma das fundamentais testemunhas de um período da história do cinema e de como essa história foi vivida numa cidade do interior da Bahia”.
Milene Gusmão destaca o papel crucial de pesquisas acadêmicas locais e do próprio documentário na transição da coleção de um acervo familiar e praticamente desconhecido para um patrimônio público e acessível. “Os percursos dessas pesquisas tornam possível uma aproximação com a coleção e o interesse em, de alguma maneira, viabilizar a realização do desejo de Seu Flick de expor o seu acervo”, afirma.
A transformação do hobby infantil de Willi Flick em uma paixão duradoura e formativa é algo também a ser pensado no filme, como observa Raul Ribeiro. “Para Willi Flick, guardar os seus preciosos fragmentos de filme não era apenas uma brincadeira. Era coisa séria. Era amor. E as caixas de fósforo não foram suficientes para conter o tamanho desse amor”, defende.
Rosália Duarte reforça tudo isso afirmando que toda essa coleção vai além do acúmulo de objetos, mas serve de suporte da memória. “Seu Flick foi um guardião da memória do cinema de Conquista, uma espécie de arqueólogo de fotogramas. Esses fotogramas, colhidos, juntados e catalogados em cadernos, com as informações sobre os filmes aos quais eles pertenciam, testemunham a importância daquele tipo de cinema na vida das pessoas que conviveram com ele”, diz.
O filme “Coleção Preciosa” pode ser assistido pelo site do Vestibular Uesb.
A leitura não para – O projeto “Cinema: Eis a Questão” disponibilizou, ainda, o livreto “Leituras de Cinema”, com textos comentando os filmes escolhidos para o Vestibular Uesb 2026. No próximo dia 16 de outubro, um bate-papo sobre “Coleção Preciosa” vai acontecer no canal oficial da Uesb no YouTube, a partir das 19 horas.
A iniciativa é coordenada pelo Programa Janela Indiscreta Cinema e Audiovisual, com apoio da Pró-Reitoria de Graduação da Uesb. Em sua 20ª edição, o projeto celebra os 15 anos da graduação em Cinema e Audiovisual da Universidade, com filmes brasileiros produzidos por egressos e profissionais do curso.
Mais informações, entre em contato pelo e-mail janelaindiscreta@uesb.edu.br ou pelo telefone (77) 3425-9330.