E a geleia de umbu? Conhece? A cerveja? O doce? Considerado o símbolo da resistência do sertão, o umbu é um fruto que pode ser consumido, não só in natura, mas também por meio de produtos derivados, como os citados acima. Dessa forma, estimular a cultura do fruto foi a proposta do 1º Dia de Campo Umbu Gigante, realizado pela Uesb, na região da Gameleira, em Anagé, nessa quinta, 19.
A principal característica dessa espécie é o tamanho, que é bem maior que o cultivado tradicional. A grande quantidade de massa presente na fruta potencializa a produção de uma vasta variedade de produtos, que podem ser comercializados pelos pequenos produtores. Na atividade, agricultores, que residem desde a fronteira com o estado de Sergipe até o norte de Minas Gerais, tiveram acesso a conhecimentos que podem aprimorar o plantio da cultura.
Uma das principais motivações para a produção é a fácil adaptação à região, como aponta um dos palestrantes da atividade, o professor do Instituto Federal Baiano de Guanambi, Sérgio Donato. “É uma cultura importantíssima para o semiárido, pois é adaptada às condições adversas dessa região e muito adequada ao perfil do pequeno agricultor familiar. Uma atividade com sustentabilidade econômica e nada mais agroecológico do que uma planta do semiárido”, explicou.
Durante o evento, organizado por Maiara dos Anjos Santos, discente do curso de Agronomia, Ademário da Silva, mais conhecido na região como Zé de Lé, compartilhou com o público presente a sua experiência na produção, que teve início há quase 15 anos. Atualmente, ele, que foi um dos pioneiros no plantio do umbu gigante no Sudoeste baiano, possui 400 pés do fruto e exporta as mudas para outros estados. O planejamento agora é alcançar a marca de mil pés.
Antes, Ademário trabalhava como pedreiro e precisava ficar longe de casa. Hoje, conseguiu melhorar a renda e a qualidade de vida, além de ficar próximo da família. “O maior desafio atualmente é a pessoa acreditar nessa cultura do umbu gigante. Pois ela precisa de uma paciência maior, já que leva em torno de cinco anos para a primeira produção. Após esse período, é garantida, anualmente, mesmo numa região com pouco acesso à água”, comentou o agricultor.
Na oportunidade, o professor Miro Conceição, do Departamento de Fitotecnia e Zootecnia (DFZ) e coordenador do Projeto Umbu Gigante na Uesb, defendeu a importância de estimular o desenvolvimento dessa cultura no semiárido, pois, além de adaptado à região, trata-se de um cultivo que utiliza poucos defensivos, devido a quase inexistência de pragas e outras doenças, e, principalmente, necessita de pouca água.
De acordo com o professor, a ideia é fortalecer a organização dos pequenos agricultores para a produção do umbu gigante, por meio de capacitações, reciclagens, com inovações e informações sobre o mercado e, consequentemente, gerando mais renda. “Posteriormente, organizados, possuem a capacidade de estarem presentes no mercado, entregando produtos em supermercados, empresas, e outros. Queremos dar ao fruto do umbu a valorização que ele merece”, reforçou o docente.
Uesb promovendo desenvolvimento regional – Assim, conforme pontuou o chefe de gabinete da Uesb, professor Wesley Piau, a Instituição vem cumprindo um papel fundamental no desenvolvimento da região quando realiza ações como essa. “Levar os conhecimentos dos professores ao produtor de uma forma simplificada, auxilia a estrutura econômica, gerando um impacto na comunidade. Essas ações fazem a Universidade ultrapassar seus muros, chegar aos pequenos agricultores, fortalecendo a economia rural, que também é importante para o crescimento da região”, afirmou o docente.