Doutorado sanduíche é o programa em que o estudante de doutorado tem a oportunidade de fazer parte da pesquisa no exterior. O nome faz referência ao alimento mesmo, visto que os anos iniciais e finais do curso são realizados na pós-graduação de ingresso do estudante e o intercâmbio, que seria o equivalente ao recheio, é realizado na metade do curso. Para participar do Programa de Doutorado Sanduíche no Exterior (PDSE), o estudante precisa estar devidamente matriculado em um curso de doutorado e ter concluído os créditos exigidos. Além disso, é indispensável que encontre no exterior um grupo de pesquisa e/ou Instituição de Ensino Superior que aceite recebê-lo.
Outro critério importante é a prova de proficiência em língua estrangeira e a apresentação de proposta de pesquisa, preferencialmente, em áreas do conhecimento menos consolidadas no Brasil. Alguns programas também requerem que o estudante tenha o Orcid, que é um registro internacional de pesquisadores de nível superior. No entanto, os critérios de seleção podem variar de acordo com cada PDSE.
No caso da Uesb, em 2019, foi aprovado o Programa Interinstitucional de Bolsas para alunos dos Programas de Pós-Graduação Stricto Sensu, que concede bolsas, também, para a modalidade PDSE. A primeira etapa da seleção é realizada pelo programa em que o estudante está matriculado, responsável por selecionar um único candidato a bolsa, dentre os inscritos. A segunda etapa é realizada pela Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PPG) da Uesb. Os aprovados são beneficiados com mensalidade, seguro-saúde, auxílio instalação e passagens aéreas. A duração do programa é de até 12 meses.
De acordo com o professor Robério Rodrigues, pró-reitor da PPG, um dos objetivos do PDSE é enviar alunos para que participem de pesquisas de vanguarda e, assim, aprimorarem seus conhecimentos com técnicas que não são desenvolvidas no Brasil. “Nós temos experiências exitosas no Programa de Alimentos, Zootecnia e Memória, por exemplo. No caso de Zootecnia, enviamos dois alunos para o Canadá, que foram aprimorar a técnica de mensuração de gazes de efeito estufa em processos in-vitro que estão sendo implementadas em nossos laboratórios”, explica o gestor.
Doutorado sanduíche pela Capes – A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), da mesma forma, fomenta esse tipo de subsídio. A bolsa tem vigência de seis a 10 meses. Os estudantes são beneficiados com mensalidade, auxílio deslocamento, ajuda para instalação, seguro-saúde, bem como adicional localidade, quando necessário. A primeira fase da seleção é realizada pelas universidades, que fazem a indicação dos pesquisadores. Os aprovados nessa fase devem se inscrever, de forma on-line, no site da Capes, anexando a documentação solicitada.
Priscila Figueiredo, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Memória: Linguagem e Sociedade (PPGMLS) da Uesb, campus de Vitória da Conquista, foi contemplada pela bolsa da Capes para o doutorado sanduíche na Universidade de Santiago de Compostela (USC), na Espanha, após seleção interna organizada pelo PPGMLS. O estágio da pesquisadora foi desenvolvido no Centro Interdisciplinario de Investigacións Feministas e de Estudos do Xénero (Cifex), primeiro centro de pesquisa sobre mulheres, feminismo e gênero em uma universidade da Galícia e um dos primeiros na Espanha.
Para Priscila, a experiência agregou diversos benefícios para sua formação. “Destaco que o contato com as pesquisadoras do Cifex, juntamente com o meu acesso às instalações da USC, em especial das bibliotecas, e, assim, a trabalhos que não possuem edições publicadas no Brasil, permitiu um maior aprofundamento das bases teóricas e metodológicas da tese”, conta a pesquisadora.
Modalidade pelo CNPq – Outro órgão que também estimula o intercâmbio de doutorandos por meio do Doutorado Sanduíche no Exterior (SWE) é o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Com duração de três a 12 meses, os benefícios são os mesmo oferecidos pela Capes, mas, quando necessário, podem ser acrescidas as taxas escolaridades e de bancada. Renata Ferreira, aluna do Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Ciências de Alimentos (PPGCAL), campus de Itapetinga, foi uma das aprovadas para o doutorado sanduíche em Belfast, na Irlanda do Norte, subsidiada pelo CNPq.
A estudante realiza a pesquisa na Queen’s University, onde tenta produzir CGtase recombinante a partir de bactérias ruminais para aplicação na produção de ciclodextrinas, utilizando o amido da semente de jaca como fonte de carbono. Em paralelo, continua o projeto original iniciado no Brasil, com a produção de filmes biodegradáveis ativos com óleo essencial de pimenta rosa e amido extraído da semente de jaca.
De acordo com Renata, o doutorado sanduíche permitiu aproveitar as estruturas oferecidas pela Queen’s University para realizar análises que não puderam ser feitas na Uesb. “Assim, o doutorado sanduíche vem possibilitando a realização de pesquisas ainda pouco explorada no Brasil, o que poderá contribuir para o desenvolvimento científico e tecnológico, possibilitando a transferência de conhecimento e novas tecnologias para novos alunos da pós-graduação que pretendem ou estão trabalhando com temas similares”, conclui.