A abertura da 4ª edição do Fuica foi realizada em Jequié (Foto: Vanessa Souza)
Na 4ª edição do Festival Universitário Intercampi de Cultura e Arte (Fuica), o protagonismo dos estudantes brilha nas mais diversas expressões artísticas, revelando a força de suas criações pessoais. O Festival, cuja abertura aconteceu nesta terça-feira, 15, no campus de Jequié, vai além de integrar os campi, sendo um verdadeiro espaço para revelar talentos que trazem ao público uma arte profundamente conectada às suas vivências e emoções. Nesse grupo de jovens talentos selecionados para esta edição, dois artistas, um das Artes Visuais e outro da Dança, compartilharam suas trajetórias e desafios de transformar suas experiências pessoais em obras de arte.
Ancestralidade e emoções – Nas Artes Visuais, está o trabalho de Jackson Diey, estudante de licenciatura em Matemática, que traduz, nas suas telas, a força de suas raízes nordestinas e suas emoções mais íntimas. “Minhas inspirações vêm mais do Nordeste. Eu tento trazer um pouco dessa ancestralidade e, principalmente, a minha avó”, revela ao falar sobre suas influências. Uma das obras mais significativas de sua exposição é “Casa com o Pé de Flamboyant”, destacando a forte conexão entre sua arte e suas experiências pessoais. “Ela retrata muito a minha infância, inspirada na casa da minha avó, onde tinha essa árvore na frente”, explica.
Jackson Diey apresentou a exposição “Cores e Cultura: fragmentos da vida e da luta”
Nem todas as suas pinturas refletem memórias de lugares. Algumas representam suas emoções mais profundas, ressaltando como sua arte vai além da realidade e expressa seus sentimentos. “Às vezes, eu pinto o que estou sentindo. Outras pinturas mostram meu estado emocional daquele momento”, evidencia.
Seu processo criativo começou bem antes do edital do Fuica ser lançado. “Eu já fui me preparando. Se tivesse o Fuica esse ano, eu me inscreveria, se não, ficaria para o próximo. Graças a Deus teve o edital, e o tema se encaixou com minhas obras”, relata Jackson. Com determinação, ele produziu suas pinturas em ritmo intenso, iniciando um novo quadro logo após finalizar outro, até concluir tudo faltando apenas dez dias para a exposição.
A exposição resgata memórias e emoções do artista
Os desafios, no entanto, foram grandes. “Um dos maiores foi o fato de eu ter começado a pintar em tela apenas este ano. Antes disso, nunca havia pintado nada em tela”, admite. O medo de errar estava presente, mas ele manteve o foco nos possíveis resultados positivos. “Acho que todo processo dá um pouquinho de medo. Mas e se der certo? Quando eu terminava um quadro, olhava de longe e gostava do resultado. Isso me motivava a fazer o próximo”, reflete.
Para Jackson, ver suas obras expostas no Fuica é um motivo de grande orgulho e realização. “Saber que o que eu crio com paixão pode impactar as pessoas me inspira a continuar criando”.
Emílio Sobrinho apresentou o espetáculo de dança “Contratempo” (Foto: Vanessa Souza)
A dança e o tempo – No palco do Fuica, o corpo de Emílio Sobrinho, estudante de licenciatura em Dança, conta histórias profundas e emocionantes por meio do solo “Contratempo”, uma obra coreográfica que reflete sobre o tempo e as vivências pessoais. “Com certeza, o maior desafio é trazer essas experiências íntimas para o palco. Falar sobre o meu tempo dentro de um trabalho coreográfico mexe muito com o emocional”, revela o estudante.
O processo criativo desse trabalho surgiu durante uma disciplina do curso, orientada pelo professor Aroldo Fernandes. “Ele nos instigava a trazer movimentações com a temática do tempo”, explica Emílio. Embora a apresentação seja de autoria do estudante, ele reconhece o papel crucial do professor e de seus colegas no desenvolvimento da obra. “Tive a orientação de Aroldo e o apoio da minha turma. A disciplina se encerrou, mas o espetáculo continua vivo”, acrescenta.
A temática do tempo, presente no espetáculo, também reflete suas indagações pessoais, especialmente em relação à vida acadêmica e à dança. “Eu me sinto atrasado em algumas coisas, adiantado em outras. Como está sendo esse processo de viver no mundo da dança e no mundo acadêmico?”, questiona.
Apresentação questiona o papel do tempo no viver
Para Emílio, o Fuica representa uma oportunidade única para os estudantes mostrarem seus trabalhos em um ambiente que valoriza a arte sem o peso da competição. “Eu costumava participar de muitos festivais fora da graduação, sempre competitivos. O Fuica tem outro teor, ele é de integração, de valorização da arte”, comenta. “Isso impacta muito o meu desenvolvimento pessoal e profissional. O Fuica é uma grande vivência, uma troca”, acrescenta.
Além de apresentar seu trabalho, Emílio destaca a importância da troca de experiências entre colegas. “É ajudar o colega no camarim, é levar minha proposta para outros cursos, fazer com que a galera conheça o meu trabalho, saiba quem eu sou e como eu produzo minha dança”, finaliza.
O protagonismo estudantil é a marca do Festival Universitário de Cultura e Arte (Foto: Vanessa Souza)
A 4ª edição do Fuica reafirma o que é, de fato, o coração do Festival: o protagonismo dos estudantes em suas criações artísticas. Seja nas telas ou no palco, cada artista encontra um espaço para expressar suas emoções e vivências de forma autêntica e pessoal. Para esses jovens, o Fuica vai além de um evento cultural; é uma plataforma que permite que suas vozes sejam ouvidas e suas histórias contadas.
A programação continua no dia 16 de outubro, no campus de Jequié, e segue nos dias 21, 22 e 23 de outubro, em Vitória da Conquista. A programação completa nos dois campi pode ser acessada aqui. O Festival Universitário Intercampi de Cultura e Arte é uma realização da Pró-Reitoria de Ações Afirmativas, Perrmanência e Assisntência Estudantil (Proapa), da Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários (Proex) e da Assessoria de Comunição (Ascom). Mais informações, acesse o Instagram do Fuica.