O sonho de ingressar no Ensino Superior é escrito em muitos capítulos. No Vestibular, estar antenado com as discussões que permeiam nossa sociedade é essencial para a avaliação, sobretudo na prova da Redação. Capacidade de organizar ideias, apresentar argumentos e desenvolver a criticidade social são fatores que entram em jogo nessa hora.
Em formato dissertativo-argumentativo, a tão aguardada prova de Redação foi aplicada neste domingo, 1º, no Vestibular Uesb 2025. Neste ano, os candidatos tiveram que refletir sobre o tema “A regulação das redes sociais versus a necessidade de acesso à informação como forma de fortalecimento da democracia”. Diante dessa temática, quais aspectos poderiam ser discutidos?
Lais Vinhas, professora de redação e jornalista formada pela Uesb, aponta a importância de se apegar aos textos de apoio como norteadores da discussão. Sendo assim, alguns dos caminhos a serem explorados seriam discutir a história da imprensa e como ela se estabeleceu como um espaço de defesa do cidadão e democratização do acesso à informação, como apontado pelo primeiro texto motivador. O segundo texto de apoio mostrou, quantitativamente, como os brasileiros dependem das redes para se informar. Já o terceiro destaca a importância de filtrar informações.
Laís aponta que o candidato devia estar atento à palavra “versus” na temática que indica uma relação de oposição entre os pontos indicados. “O candidato pode afirmar que a regulação das redes é essencial para o fortalecimento da democracia, justificando o porquê é essencial. Como o segundo argumento, pode contrapor, mostrando que, apesar disso, a regulação precisa de moderação para garantir que não se extrapole o direito à liberdade de expressão e o acesso à informação”, explica a professora.
O vestibulando também precisava ter cuidado para não fugir do tema, por isso a importância de estar atento às palavras-chave. “O tema mescla essas abordagens, demanda uma discussão sobre como essa regulação se equilibra com a manutenção do acesso à informação numa sociedade democrática. Ou seja, como garantir que essa regulação não seja um impeditivo para a liberdade de se expressar e de acessar informações de qualidade”, completa Laís.
Para basear os argumentos, a professora aponta que o candidato poderia citar diversas obras, como o documentário “O dilema das redes”, a série “Black Mirror“, além do filme “Rede de ódio”.
A temática e a atualidade – No dia 27 de novembro de 2024, o Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou o julgamento acerca de quais responsabilidades as redes sociais e as empresas de tecnologia devem ter sobre os conteúdos de seus usuários. Os casos em análise envolvem a aplicação da Lei Marco Civil da Internet, promulgada em 2014, que estabelece diretrizes para o uso responsável da internet no Brasil. “Diante do teor extremamente atual que o tema traz, falar sobre esse tipo de regulação é essencial para que a nossa democracia não se perca em meio à disseminação de fake news e de discursos inflamados de ódio”, aponta Laís.
Carmen Carvalho, professora do curso de Jornalismo da Uesb, lembra, ainda, a influência direta da difusão de informações em diversos aspectos da vida em sociedade. “Vivemos um momento crucial na história da humanidade no que diz respeito às informações que constroem e também destroem a maneira como entendemos a nossa realidade e a nossa história”, destaca a professora.
O efeito destrutivo do uso de informações sem compromisso com a verdade ou checagem correta dos fatos pode gerar danos irreversíveis. “Isso está diretamente relacionado à falta de regulamentação das redes sociais, onde qualquer pessoa ou empresa produz e publica conteúdos, que podem ser amplificados pelo pagamento de impulsionamento, sem uma co-responsabilidade das big techs”, complementa Carmen.
Professor do curso de Direito da Uesb, Cláudio Carvalho alerta para a necessidade de cautela. A liberdade de difusão de informações é relativa, uma vez que não é absoluta, mas a regulamentação precisa ser prudente. “Por isso, é necessária uma regulação muito cuidadosa, para não beirar, obviamente, a uma censura. Mas há a necessidade de uma regulação que dê uma responsabilidade compartilhada entre usuários”, conclui.
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