Espetáculo “Memórias imaginadas das terras por onde andei”, da artista Dani de Iracema
Para quem é da Biologia, Matemática, Física, Pedagogia, Ciências Sociais, Filosofia ou outras áreas e deseja expressar-se por meio da arte, no Festival Universitário Intercampi de Cultura e Arte (Fuica), é permitido. O evento também oportuniza quem busca se profissionalizar através de manifestações artísticas, como no Teatro, na Dança, no Cinema e Audiovisual.
Nessa 4ª edição, o tema “A flor na pedra e o trigo ao vento: o rebentar da criação”, trecho da música “Rebento”, de Gilberto Gil, busca dialogar o que é raro com o que é farto. A proposta é romper com a ideia de que a arte pertence só aqueles que foram tocados por um divino ou tiveram oportunidades de conhecer outras culturas.
“Ela é porque ela é aquilo que existe em cada um de nós, mas ela pode ser farta como trigo ao vento também. Então, a arte é um encontro entre essas duas qualidades: o que é farto e o que é raro”, explica a professora Adriana Amorim, pró-reitora de Ações Afirmativas, Permanência e Assistência Estudantil (Proapa).
Exposição “Ruy Medeiros: vida e obra”, de Giovanna Bramont
Para além de divulgar seus trabalhos, o projeto é um lugar importante para a saúde mental dos estudantes. “Saúde mental é muito antes de frequentar um psicólogo, que atua no tratamento. O que temos feito é investir na prevenção, por meio do incentivo à arte”, explica Adriana. De acordo com a pró-reitora, essa também é uma das responsabilidades da Assistência Estudantil da Uesb.
A arte que traz memórias – O Festival teve início em Jequié, nos dias 15 e 16 de outubro. Nessa segunda-feira, 21, foi o momento de abrir os trabalhos em Vitória da Conquista. No Centro de Cultura Camillo de Jesus, o público pode acompanhar exposições, produções de audiovisual e a apresentação de um espetáculo.
“A flor na pedra e o trigo ao vento: o rebentar da criação”, trecho da música de Gilberto de Gil é tema do evento
Com Dani de Iracema em cena, trazendo a peça “Memórias imaginadas das terras por onde andei”, que faz parte do projeto “Sertão Sankofa”, a plateia experienciou uma obra construída na metáfora sobre memórias, pertencimento, despertencimento, travessia e migração. “No processo criativo da obra, eu entendi que o deslocamento não é algo que perpassa somente a minha história, mas a de muitas pessoas e, principalmente, de pessoas negras e indígenas quando pensamos no deslocamento forçado da África até o Brasil ou das fugas que os indígenas tinham que fazer”, comenta a artista, relacionando o seu retorno à sua cidade natal como um reencontro de memórias.
A temática sobre memórias também é visitada pelo curta-metragem “Chão, memórias e quintais”, produzido pelos estudantes Raynnara Ellen e Andremax Ribeiro, do curso de Cinema e Audiovisual da Uesb. A produção narra a história do artista conquistense Silvio Jessé. Nela, o telespectador visualiza a relação do cotidiano do artista com suas obras e de que forma os acontecimentos da sua história se entrelaçam com a arte.
“Tenho muitas lembranças da minha infância e isso deixa minha alma mais feliz. É claro que as memórias dos jovens de hoje são diferentes das minhas, mas toda memória afetiva é importante. Tudo que você tem na vida, tudo que cheirou, amou, viu, sentiu, leve contigo para o resto da vida como sementes importantes para nunca esquecermos dos nossos ancestrais e das nossas histórias”, afirmou Jessé, que esteve presente na abertura.
“Força negra, terra viva”, de Letícia Hellen Pereira
O Fuica é realizado pela Proapa em parceria com a Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários (Proex) da Uesb. A programação em Vitória da Conquista segue até dia 23 de outubro, ocupando tanto o Centro de Cultura Camillo de Jesus como a Uesb. Todas as atividades planejadas podem ser acessada aqui.